Economia

Reforma da Previdência gera economia de R$ 865 bi em 10 anos, diz Itaú

O cálculo, feito com base na versão já aprovada em primeiro turno pela Câmara, é inferior aos R$ 900 bilhões anunciados pelo governo

Itaú: (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Itaú: (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 15 de julho de 2019 às 11h35.

Última atualização em 15 de julho de 2019 às 17h00.

São Paulo — Depois de desidratado na comissão especial e no plenário da Câmara, o texto-base da reforma da Previdência permite à União uma economia de R$ 865 bilhões em dez anos, segundo cálculos do Itaú.

O número é inferior ao cálculo de R$ 900 bilhões anunciados pelo governo após o termino do primeiro turno da votação no plenário da Câmara, na sexta-feira, (12).

Segundo fala do secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogerio Marinho, esse número ainda será refinado nos próximos dias.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, falou nesse fim de semana de uma economia de R$ 890 bilhões coma reforma. Em entrevista à Folha, ele rebateu o economista Paulo Tafner, que falou em economia entre R$ 820 bilhões e R$ 850 bilhões, dizendo que o número veio de Leonardo Rolim, secretário de Previdência.

A versão original do texto da reforma, enviada pelo governo Bolsonaro em fevereiro ao Congresso, previa uma economia de R$ 1,2 trilhão em uma década.

O Itaú espera que a reforma seja aprovada em segundo turno até agosto e, no Senado, até setembro.

"Nossa confiança na aprovação do projeto é baseada na existência de um maioria no Congresso que não é conceitualmente ou ideologicamente oposta à proposta, bem como no consenso existente entre formadores de opinião e na sociedade sobre a necessidade de restaurar a sustentabilidade financeira o sistema de pensões", diz a instituição em relatório.

 

O Itaú ressalta ainda que, embora urgente, reformar o sistema de aposentadorias no Brasil não é suficiente para fazer o país voltar para uma trajetória de sustentabilidade fiscal e crescimento econômico.

Com as mudanças no sistema previdenciário, o banco espera que o Brasil tenha superávits primários apenas a partir de 2022.

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou no início do mês que, mesmo com “tudo dando certo” no ajuste fiscal que o governo pretende fazer, o superávit só voltaria em 2023.

Isso significaria uma década de déficits, já que o último superávit primário registrado pelo país foi em 2013.

Durante a campanha e ainda em janeiro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometia que seria possível zerar o déficit primário ainda em 2019, o que era considerado irrealista por economistas.

Sem qualquer reforma da Previdência ou com uma reforma mais suave, a previsão do Itaú é de que o governo enfrente uma alta probabilidade de não cumprir o limite de gastos constitucional ao longo do tempo, deixando insustentável a elevação da dívida pública.

Na opinião do banco, regras de aposentadoria mais adequadas à realidade financeira do país influenciariam na possibilidade de haver um afrouxamento monetário, o que "ajudaria significativamente no declínio da dívida pública".

O Itaú prevê que a dívida pública permanecerá estável no patamar de 80% do PIB nos próximos anos.

Destaques perigosos

Para destravar o avanço da matéria no Congresso, a equipe econômica do governo precisou ceder em alguns pontos. Aposentadoria diferenciada para policiais, menor período mínimo de contribuição para os homens e mudanças na fórmula de benefícios para as mulheres são alguns deles.

Os destaques apresentados pelos partidos para alterar o texto-base eram temidos pela equipe econômica, dado o potencial de estrago que poderiam trazer à economia prevista com a reforma.

O projeto de lei agora terá de encarar a segunda rodada de votação na Câmara e, se aprovado, seguirá para o Senado. Dado que o recesso legislativo começa na quinta-feira, dia 18, o mais provável que a votação do segundo turno só aconteça em agosto, como prevê o governo.

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