Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel (Ronen Zvulun/Reuters)
Agência de notícias
Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 20h57.
Em guerra contra o Hamas, grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza, Israel amarga um das piores contrações de sua economia. Desde que os atentados de outubro do ano passado desencadearam uma ofensiva militar israelense no território palestino vizinho, com residências evacuadas em áreas de fronteira e milhares de reservistas convocados, muitas empresas tiveram de parar suas atividades.
O resultado foi uma contração de 19,4% do Produto Interno Bruto (PIB), no índice anualizado e com ajuste sazonal relativo aos três últimos meses de 2023, de acordo com números preliminares divulgados hoje.
Foi um resultado pior que todas as estimativas de uma pesquisa da Bloomberg com analistas, cuja previsão média era de um declínio de 10,5%.
O shekel enfraqueceu ligeiramente com a notícia. A moeda israelense era negociada com queda de 0,4%, a 3,62 por dólar, às 15h53 em Tel Aviv, rumo à primeira queda em quatro dias. Na Bolsa, as ações de empresas do país interromperam uma sequência de valorização.
“O comunicado destaca o grau em que a economia israelense foi afetada pelo conflito, particularmente no lado da atividade privada”, afirmaram num relatório os economistas do banco americano Goldman Sachs Tadas Gedminas e Kevin Daly.
Embora a guerra tenha quebrado o dinamismo da economia de Israel no final de 2023, o PIB do país ainda cresceu 2% no ano passado, correspondendo à projeção do departamento de pesquisa do banco central israelense. A estimativa de crescimento do Banco de Israel para 2024 é a mesma, de 2%, enquanto o Ministério das Finanças do governo de Benjamin Netanyahu prevê 1,6%.
Os números divulgados hoje são os primeiros oficiais a demonstrar o impacto da guerra na economia de Israel, que vinha crescendo com o crescimento de segmentos como a indústria de tecnologia. Estima-se que cerca de 8% da força de trabalho do país foi convocada para reforçar as tropas militares engajadas nos ataques à Faixa de Gaza e na proteção de outras fronteiras, como as que separam o país do Líbano e da Síria.
Em alguns setores, o impacto econômico é comparado ao da pandemia de Covid-19, com paralisações repentinas na produção de manufaturados, a retração do consumo e a suspensão de atividades escolares e em escritórios por um certo período. Até mesmo a atividade de estaleiros e de construtoras foi afetada.
Medidas sem precedentes foram tomadas pelas autoridades econômicas de Israel para minimizar as consequências do conflito no mercado financeiro e na economia, como o compromisso do banco central de vender até US$ 30 bilhões de suas reservas para manter o valor de sua moeda.