Bandeira da União Europeia: "O mês de julho foi marcado por uma deterioração espetacular da economia" (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2016 às 14h58.
A economia britânica vive uma enorme deterioração, com a maior queda da atividade privada desde a crise financeira mundial, após a decisão do país de abandonar a União Europeia, revela nesta sexta-feira um estudo aguardado.
A companhia de serviços financeiros Markit publicou nesta sexta-feira seu índice composto de gestores de compras PMI correspondente ao mês de julho, que cai ao nível mais baixo desde abril de 2009.
O índice composto se estabeleceu em julho em 47,7 pontos, em retrocesso em relação aos 52,4 pontos do mês anterior. Um índice PMI superior a 50 pontos significa que a atividade evolui, enquanto que um número inferior representa um recuo.
"O mês de julho foi marcado por uma deterioração espetacular da economia, com a atividade das empresas, caindo ao ritmo mais rápido desde o pico da crise financeira mundial no início de 2009", comentou Chris Williamson, economista-chefe do Markit.
"A mudança de tendência, que se manifesta por anulações de pedidos, ausência de novos pedidos e pelo adiamento ou cancelamento de projetos, foi atribuído de uma forma ou de outra ao Brexit", explicou.
O índice PMI para o setor serviços, muito importante para a economia britânica, se estabeleceu concretamente em 47,4 pontos em julho, em comparação aos 52,3 pontos em junho, no seu nível mais baixo em mais de 7 anos.
Os dados, coletados entre 12 e 21 de julho, ainda são provisórios e a Markit publicará os índices definitivos no começo de agosto.
Esses indicadores de referência eram muito esperados, já que aportam uma primeira imagem precisa do estado da economia britânica após o referendo de 23 de junho, que outorgou a vitória aos britânicos partidários de abandonar a UE.
Para ver os efeitos do Brexit nas estatísticas oficiais, ainda terá que esperar várias semanas ou até meses.
- Recessão à vista -
"A queda do PMI composto a seu nível mais baixo desde 2009 dá a primeira prova de que o Reino Unido está entrando em um período de forte desaceleração", comentou Samuel Tombs, economista da Pantheon Macroeconomics.
Os economistas se perguntam agora se o país poderá escapar da recessão, que se caracteriza por dois trimestres consecutivos de contração do Produto Interno Bruto (PIB).
As previsões de crescimento foram revisadas drasticamente em baixa para o Reino Unido. O Fundo Monetário Internacional (FMI) acaba de reduzir o prognóstico do crescimento mundial em 0,9 ponto, a 1,3%, para o ano que vem.
"Os futuros efeitos do Brexit são excepcionalmente incertos", estimou na terça-feira o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld.
A nova primeira-ministra britânica Theresa May indicou que não notificaria a vontade de abandonar a UE em 2016, enquanto seu governo determina o tipo de relação que deseja estabelecer com seus 27 sócios europeus.
Enquanto isso, as famílias e as empresas britânicas continuam prudentes.
O único ponto positivo se encontra na melhora das exportações de produtos industriais, graças à queda da libra em relação a outras moedas, o que barateia relativamente os produtos britânicos no exterior.
Também parece cada vez mais provável que o Banco da Inglaterra resgate a economia britânica com novas medidas de estímulo em agosto, depois de ter optado por manter o "statu quo" em junho.
Já o novo ministro das Finanças britânico, Philip Hammond, disse, no início de uma viagem à China, que poderá adotar novas medidas no próximo outono boreal.
"A médio prazo teremos a ocasião, com nosso discurso de outono (...) de replanejar a política orçamentária se considerarmos necessário, com base nas estatísticas que aparecerão nos próximos meses", disse Hammond, citado pela BBC.