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Economia brasileira não se alimenta apenas da liquidez mundial

Tamanho da população ativa e taxa de produtividade da indústria também sustentam a expansão do país, diz o economista Jim O'Neill

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h04.

Quem pensa que a economia brasileira vive apenas do excesso de liquidez mundial está enganado. O tamanho da população ativa e a produtividade das empresas também são itens-chave nesse cenário. A avaliação é de Jim O';Neill, chefe do departamento de pesquisas econômica do banco Goldman Sachs e criador da sigla Bric, que designa as potências emergentes Brasil, Rússia, Índia e China. Leia, a seguir, seu depoimento a EXAME:

"O perfil demográfico brasileiro é melhor do que o de todos os Brics, com exceção da Índia. Os dois principais itens-chave para o crescimento de longo prazo é o tamanho da população ativa e a produtividade. É simples assim. Isso explica porque os Estados Unidos cresceram mais que a Europa nos últimos 20 anos. Nós prevemos que a população do Brasil deverá ser de 250 milhões em 2050. Isso é muito importante. Os investidores ainda estão muito cautelosos sobre as perspectivas de longo prazo do Brasil, influenciados principalmente pelas experiências das décadas de 80 e 90.

De certa forma, o Brasil colhe agora os frutos das reformas realizadas na década de 90. Essas coisas acontecem mesmo devagar. A Índia está apenas começando a ver a aceleração do crescimento econômico e muitas pessoas afirmam que as reformas-chave foram feitas na década de 80, no máximo até 1991. A demora para tirar proveito das reformas deve-se à necessidade que o país teve de conter a inflação. Como me disse o Paulo Leme [diretor do banco de investimentos Goldman Sachs para América Latina], a inflação costumava ser de 3% ao dia no Brasil; hoje essa é a taxa anual.

O país está menos vulnerável e o bom momento não deve-se apenas à liquidez recorde em todo o mundo. O Brasil tem obtido liquidez com o superávit em conta corrente e no balanço de pagamentos. Eu penso que o Brasil tem claramente se beneficiado do boom no mercado de commodities e, indiretamente, da sede de China e Índia por commodities. Mas eu acho que as pessoas que pensam que o Brasil ainda é simplesmente um exemplo do "excesso de liquidez" internacional estão completamente enganadas."

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