Economia

É possível cortar R$ 30 bilhões de despesas, diz Meirelles

"É possível, mas eu não estou anunciando essa medida, nós não estamos descartando nada", afirmou durante conversa com jornalistas


	Henrique Meirelles: o ministro afirmou que evitará fazer anúncios para agradar ou diminuir a euforia do mercado financeiro
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Henrique Meirelles: o ministro afirmou que evitará fazer anúncios para agradar ou diminuir a euforia do mercado financeiro (Paulo Whitaker/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2016 às 15h41.

Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, evitou anunciar qualquer medida, mas afirmou que o presidente em exercício, Michel Temer, colocou corretamente a possibilidade de cortar R$ 30 bilhões do orçamento.

"É possível, mas eu não estou anunciando essa medida, nós não estamos descartando nada", afirmou durante conversa com alguns jornalistas na manhã desta quarta-feira, 18.

Tecendo elogios a Temer, Meirelles afirmou que o presidente é sempre "muito preciso no que coloca e no que pode ser adotado", mas lembrou que sua equipe chegou há pouco ao governo e que ainda não teve tempo de tomar as decisões.

"O Mansueto (secretário de Acompanhamento Econômico) começou a trabalhar ontem (17), estava procurando sala. O Carlos Hamilton (secretário de Política Econômica), apesar de estar me ajudando, começou a trabalhar ontem. Todos estão trabalhando intensamente", disse.

Durante todo o encontro, o ministro afirmou que evitará fazer anúncios para agradar ou diminuir a euforia do mercado financeiro. "Não enfraqueceremos medidas com o anúncio precipitado para satisfazer analistas, jornalistas, banqueiros", frisou.

Consciente do desafio, Meirelles afirmou que não há dúvidas de que o trabalho será difícil. "Seria surpreendente que fosse fácil reverter uma trajetória de crescimento da despesa e das dívidas e algumas questões estruturais", afirmou.

O dirigente da Fazenda ressaltou ainda que, após esse diagnóstico que está tentando fazer das contas públicas, será necessária uma conversa geral com o presidente Temer e com ministros para, a partir daí, iniciar o anúncio de medidas.

Congresso

Na avaliação de Meirelles, após uma análise realista das contas públicas, será possível mostrar para o Congresso o que é necessário para garantir que a dívida pública seja sustentável ao longo do tempo, aumente a confiança, investimentos e a renda.

"Minha expectativa é de ter apoio. Tenho a expectativa de que teremos apoio e que vamos propor as medidas necessárias", disse.

Mais uma vez, o novo dirigente da Fazenda ressaltou a necessidade de medidas estruturais, mas ressaltou que pretende fazer esses anúncios de forma calma e de acordo com a necessidade.

"Enfraquecer essas medidas com anúncios precipitados para satisfazer a ansiedade de todos, favorece o enfraquecimento da capacidade de conduzir processo", ressaltou antes de falar uma habitual frase que tem usado nos últimos dias: "Vou devagar porque estou com pressa".

O ministro se mostrou confiante na retomada da economia e ressaltou que, em conversas, já recebeu relatos de que as pessoas estão voltando, aos poucos, a comprar e circular em lojas.

"Já existem sinais da reversão de confiança. O comércio vê maior número de pessoas, existe expectativa positiva e é importante que seja confirmada", afirmou.

Petrobras

O novo ministro da Fazenda disse que mantém a Petrobras no seu radar, mas não vê a necessidade de uma capitalização à estatal. Ele destacou a emissão de terça-feira pela companhia de US$ 6,75 bilhões em títulos de dívida com vencimentos de cinco e dez anos.

"Ontem houve emissão e estamos acompanhando de perto. Temos contato constante com as pessoas envolvidas na operação e houve uma demanda bem maior do que a oferta", revelou.

Meirelles evitou falar sobre a substituição de executivos no comando da Petrobras. Mas, questionado por jornalistas, classificou o diretor da área financeira e de relacionamento com investidores da companhia, Ivan Monteiro, como excelente profissional.

Novamente provocado ao final da entrevista, o ministro elogiou ainda o ex-ministro da Casa Civil Pedro Parente, cotado para assumir a petrolífera.

Eletrobras

O ministro da Fazenda disse também que o governo está olhando "com detalhe" a situação financeira da Eletrobras e estuda estimativas para o tamanho da capitalização que será necessária à estatal.

"Como em todos os demais casos, temos que adotar uma estimativa realista para a Eletrobras. Temos um grupo de trabalho na Fazenda com Ministério de Minas e Energia e outras áreas do governo para olhar com detalhe a empresa. Em um determinado momento, temos que fazer uma estimativa de qual é a necessidade provável de capitalização", afirmou.

Desde a semana passada, o ministro do Planejamento, Romero Jucá, tem falado sobre um rombo de até R$ 40 bilhões na Eletrobras, como resultado da possível deslistagem dos papéis da empresa na Bolsa de Nova York.

Mas, segundo Meirelles, como permanecerá uma margem de incerteza sobre o volume do aporte necessário, o governo deve adotar um valor como hipótese de trabalho.

"Você pode até dizer que acha que a projeção está pessimista ou otimista, mas vamos discutir de forma transparente", acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:EletrobrasEmpresasEmpresas estataisEnergia elétricaEstatais brasileirasExecutivos brasileirosHenrique MeirellesHoldingsMinistério da FazendaPersonalidadesServiços

Mais de Economia

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1