Economia

E agora? Brexit terá dois anos de negociações amargas

Os eleitores britânicos optaram por abandonar a União Europeia, o que dá início a pelo menos dois anos de negociações amargas


	Brexit: os seis membros fundadores do bloco se reunirão em Berlim no sábado
 (Getty Images)

Brexit: os seis membros fundadores do bloco se reunirão em Berlim no sábado (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2016 às 19h13.

Os eleitores britânicos optaram por abandonar a União Europeia, o que dá início a pelo menos dois anos de negociações amargas. A seguir, um guia do que vem pela frente.

Quanto tempo David Cameron ficará?

O primeiro-ministro disse na manhã de sexta-feira que permanecerá no cargo pelo menos três meses para “estabilizar o barco”. Ele disse que a Grã-Bretanha deverá ter um novo líder na época da conferência anual de seu partido, em outubro, e que o próximo primeiro-ministro é quem deverá iniciar as negociações formais com a UE.

O que vai acontecer agora?

Cameron irá a Bruxelas na próxima semana para informar aos líderes da UE sobre a situação do Reino Unido. Os líderes dos outros países vão querer saber que tipo de relação o Reino Unido pretende ter com a UE.

Antes disso, os seis membros fundadores do bloco se reunirão em Berlim no sábado. Também poderia ser convocada uma reunião de emergência entre Ministros das Finanças durante o fim de semana. Cameron disse na sexta-feira que não vai ativar o início do processo de separação conforme o Artigo 50 do tratado da UE. Essa será uma tarefa do próximo primeiro-ministro.

Uma vez ativado o Artigo 50, o Reino Unido tem formalmente dois anos para negociar como sairá do bloco. Analistas afirmam que é improvável que esse período seja suficiente para resolver os acordos comerciais mais complexos e que as negociações devem continuar durante muito tempo depois que o Reino Unido sair oficialmente.

Quem conduzirá as negociações?

O mais provável é que o sucessor de Cameron seja um dos líderes da campanha pela Brexit, como o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, ou o secretário de Justiça, Michael Gove.

A presença deles pode endurecer a posição dos outros governos da UE. O voto pela saída também poderá gerar pedidos de eleição geral para pôr a casa em ordem e eleger um governo encarregado especificamente de negociar com o restante da UE.

Que tipo de acordo os britânicos vão querer?

Isso ainda não foi definido, é algo a que os defensores da saída não conseguiram dar uma resposta definitiva durante sua campanha vitoriosa. Três questões em particular estarão em foco para investidores e executivos: qual acordo novo vai regular o comércio, que movimenta US$ 575 bilhões por ano, entre a Grã-Bretanha e o restante da UE? Sob quais condições as empresas do Reino Unido terão acesso ao mercado comum da UE, avaliado em US$ 13,6 trilhões? E os bancos com sede no Reino Unido continuarão podendo fazer negócios com o restante da UE?

O que a UE vai oferecer?

As políticas internas vão influir e, de Helsinki a Atenas, talvez os líderes não queiram conceder à Grã-Bretanha um acordo favorável com amplo acesso ao mercado porque isso traria o risco de estimular movimentos contrários à UE em seus próprios países.

A resposta vai se dividir basicamente em dois grupos: a abordagem pragmática alemã provavelmente admitirá que o Reino Unido precisa continuar sendo um parceiro comercial importante; os franceses vão liderar o outro grupo, que acredita que a saída não deverá ser fácil e que os países de fora não merecem as mesmas condições favoráveis concedidas aos membros da UE.

Acompanhe tudo sobre:BrexitEuropaPaíses ricosReino UnidoUnião Europeia

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo