Economia

Draghi mantém posição firme sobre estímulo com inflação em alta

Decisão mostrou que o BCE resiste aos pedidos da Alemanha para começar a reduzir o esquema de 2,3 trilhões de euros em compras de títulos

Mario Draghi: presidente do BCE anunciou ligeiros aumentos nas perspectivas de crescimento da zona do euro (Johannes Eisele/AFP)

Mario Draghi: presidente do BCE anunciou ligeiros aumentos nas perspectivas de crescimento da zona do euro (Johannes Eisele/AFP)

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Reuters

Publicado em 9 de março de 2017 às 11h48.

Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) prometeu nesta quinta-feira manter sua agressiva política de estímulo ao menos até o final do ano, argumentando que as pressões inflacionárias na zona do euro permanecem fracas apesar das expectativas de aumento mais rápido dos preços.

Embora esperada, a decisão mostrou que a liderança do BCE resiste aos pedidos da Alemanha para começar a reduzir o esquema de 2,3 trilhões de euros em compras de títulos, ou ao menos sinalizar a intenção de fazer isso, uma vez que o crescimento e a inflação se recuperam.

Em vez disso, o BCE manteve seu plano de continuar com as compras até dezembro. Também prometeu manter as taxas de juros nos níveis atuais e em mínima recorde até bem depois disso, ou mesmo cortá-las se necessário.

"Se o cenário se tornar menos favorável, ou se as condições financeiras se tornarem inconsistentes com mais avanço na direção de um ajuste sustentado na trajetória da inflação, o Conselho permanece pronto para aumentar o programa em termos de tamanho e/ou duração", disse o BCE em comunicado.

Justificando a postura em sua entrevista regular à imprensa, o presidente do BCE, Mario Draghi, apresentou altas nas expectativas de inflação para este ano e para o próximo, mas argumentou que isso não altera o cenário geral.

"Ainda não há sinal de uma tendência convincente de alta para a inflação", disse ele a repórteres, acrescentando que a inflação --que atingiu a meta de quase 2 por cento no mês passado-- deve subir "apenas gradualmente" no médio prazo.

O BCE agora vê a inflação a 1,7 por cento este ano contra estimativa anterior de 1,3 por cento, e a 1,6 por cento no próximo ano contra estimativa anterior de 1,5 por cento.

O BCE deve reduzir o ritmo de compras de títulos em um quarto a partir do próximo mês, mas continuará com elas até ao menos o final do ano, ou além disso se achar que a inflação está abaixo da meta.

Mas quase uma década depois de iniciadas as preocupações no bloco, a economia da zona do euro parece estar em melhor forma.

Draghi anunciou ligeiros aumentos nas perspectivas de crescimento da zona do euro, agora estimada em 1,8 por cento este ano e 1,7 por cento no próximo.

Economistas em pesquisa da Reuters disseram que o próximo passo do BCE será ou uma mudança em sua orientação no segundo semestre deste ano ou uma redução gradual nas compras de ativos em 2018.

Na reunião desta quinta-feira, o BCE manteve a taxa de depósito, sua principal taxa de juros, em -0,40 por cento.

A principal taxa de refinanciamento ficou em 0 por cento, enquanto a taxa de empréstimo foi mantida em 0,25 por cento.

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