Sede do BCE, em Frankfurt: Draghi afirmou que o Conselho de Governadores do BCE "revisará e possivelmente reconsiderará a posição da política monetária no início de março" (Daniel Roland/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de fevereiro de 2016 às 14h56.
Bruxelas - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, defendeu nesta segunda-feira a maior força dos bancos da zona do euro, disse que o BCE está "preparado para fazer sua parte" no fortalecimento da zona e pediu aos países que acompanhem seus esforços com políticas fiscais e reformas.
Draghi afirmou que o Conselho de Governadores do BCE "revisará e possivelmente reconsiderará a posição da política monetária no início de março", levando em conta os efeitos da baixa inflação e o impacto das turbulências bancárias nos efeitos da política monetária.
"Se qualquer um desses dois fatores ajudam riscos em baixa para a estabilidade dos preços, não pensaremos duas vezes para agir", disse Draghi durante um comparecimento perante a Comissão de Assuntos Econômicos e Financeiros do Parlamento Europeu (PE).
O presidente do BCE lembrou que Frankfurt tem a sua disposição "uma variedade de instrumentos".
"Simplesmente os olhamos e vemos qual é o mais efetivo", acrescentou.
Draghi também ressaltou que "é possível fazer muitas coisas para melhorar" e, neste sentido, mencionou os países, aos quais pediu que tomem políticas fiscais - sejam expansivas ou de consolidação de suas contas - com uma "composição que fomente o crescimento".
"Isso significa dar ênfase ao investimento público, ao investimento em infraestrutura e diminuir a imposição, assim como finalizar as reformas estruturais que estimulam a demanda interna, aquelas que favorecem o investimento privado e o consumo privado", analisou.
O representante do BCE enviou uma mensagem às capitais europeias na qual defende a importância do cumprimento às regras de disciplina fiscal.
"O cumprimento das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento continua sendo essencial para manter a confiança no sentido fiscal", garantiu Draghi em referência às normas europeias que marcam um limite do déficit público de 3% e de 60% no caso da dívida pública.
O presidente do BCE também defendeu que os bancos da zona do euro sejam agora mais sólidos do que há quatro anos, quando se viram envolvidos na crise financeira mundial e na do euro, mas admitiu que alguns ainda enfrentam "certos desafios".
Draghi afirmou que o setor bancário tem uma das maiores reservas de capital e de melhor qualidade, por isso garantiu que não aumentará os requisitos de capital.
"Na zona do euro, a situação no setor bancário atual é muito diferente do que era em 2012. Talvez o mais importante seja que os bancos da zona do euro fortaleceram significativamente suas posições de capital nos últimos anos", disse Draghi.
O banqueiro italiano afirmou que, nas entidades mais importantes, o nível de capital de máxima qualidade passou de 9% para 13%, o que as faz "mais resistentes aos impactos adversos", e afirmou que se tudo se mantiver igual "os requisitos de capital não aumentarão ainda mais".