"Caso a valorização do dólar continue, o quadro inflacionário no país irá piorar", avalia gerente da coordenação de Serviços e Comércio do IBGE (Joe Raedle/Newsmakers)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 10h49.
Rio de Janeiro - O gerente da coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Reinaldo Pereira, afirmou nesta quinta-feira, 13, que, "caso a valorização do dólar continue, o quadro inflacionário no País irá piorar e terá repercussão no comércio varejista". Para ele, a alta dos preços já está influenciando o desempenho das vendas em alguns setores.
Entre os segmentos afetados pela alta do dólar estariam, segundo ele, os de hiper e supermercados, de eletrodomésticos, de informática e comunicação, e de tecidos, vestuário e calçados. Pereira ressalta ainda que a alta da taxa básica de juros (Selic) tem influência nas vendas, como de automóveis. "Tudo que tem reflexo no crédito vai influenciar", afirmou.
A alta de 1,6% das vendas do comércio varejista em abril na comparação com igual período do ano passado é o pior resultado para o mês, em base anual, desde 2003, quando a taxa foi de -3,7%.
O desempenho do comércio está sendo influenciado, principalmente, pelo grupo de hiper e supermercados, cujas vendas estão caindo por causa da alta dos preços. "O comércio está sendo prejudicado pela inflação. E isso vem segurando os resultados nesse indicador", afirmou Pereira.
Em 12 meses, a inflação da alimentação em domicílio acumula alta de 15,71%, ante inflação média de 6,5%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O técnico do IBGE destaca ainda que está se esgotando a capacidade dos novos consumidores, a chamada "nova classe média", de permanecer comprando e segurar a expansão do comércio. Ele argumenta que uma demanda reprimida, satisfeita em anos anteriores, não existe mais e já não sustenta o avanço das vendas no comércio.
Isso é perceptível, por exemplo, nas vendas de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, que caiu 1,1% de março para abril. Este grupo inclui, entre outros produtos, aparelhos celulares. "De qualquer forma, em abril, os indicadores ainda são positivos, embora, agora, os resultados estejam mais tímidos", disse Pereira.