Nelson Barbosa (Valter Campanato/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 22 de dezembro de 2015 às 09h36.
São Paulo – Depois de fecharem acima de R$ 4,00 nesta segunda-feira, 21, nos mercados futuro e à vista, as cotações do dólar não devem encontrar motivos para sustentar a pressão de alta. A percepção dos operadores, neste início de manhã, é de que o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, acentuou o discurso em favor do ajuste fiscal na noite de ontem, "consertando" o desconforto que havia provocado em sua teleconferência no meio do dia, quando o tema foi abordado de forma "muito amena", na avaliação dos investidores.
Nos primeiros negócios, o dólar está em queda nos segmentos à vista e futuro. Às 9h06, o dólar à vista era cotado em R$ 4,006 (-0,26%) e o dólar para janeiro caía 0,21%, a R$ 4,015. "Resta saber se o mercado vai acreditar nele. Acho que isso só ocorrerá com ações", disse um experiente profissional do mercado financeiro.
Ainda assim, a percepção é de que essa troca de Joaquim Levy por Nelson Barbosa foi precificada no câmbio e, agora, só medidas práticas vão alterar significativamente as apostas do mercado. No radar, ainda este ano, estão as decisões sobre o pagamento das pedaladas fiscais.
No exterior, com potencial pra provocar volatilidade no mercado de moedas, está prevista hoje a divulgação da terceira estimativa do PIB dos EUA. O dado sai às 9h30 e as estimativas são de alta de 1,9%, abaixo dos 2,1% da segunda estimativa e do crescimento de 3,9% no segundo trimestre.
Mesmo que venha a mexer nos ativos, o indicador não deve alterar as apostas de gradualismo na trajetória de alta de juros iniciada este mês pelo banco central norte-americano (Fed).
Ainda nos EUA, saem hoje as vendas de moradias usadas de novembro e o índice regional do Fed de Richmond de dezembro, às 13h00. E o API divulga os estoques semanais de petróleo bruto, mas só às 19h30.
Por enquanto, o comportamento internacional é de queda do dólar e isso ajuda uma abertura tranquila do mercado de câmbio também no Brasil. Hoje o BC brasileiro volta a oferecer linha — venda de dólar com compromisso de recompra — num volume até US$ 500 milhões, como tem sido usual às terças-feiras e quintas-feiras.
Os operadores não vislumbram nenhuma pressão forte de demanda por moeda até porque este tem sido um dezembro atipicamente calmo.
Ontem, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, informou que o fluxo cambial total em dezembro até dia 17 está negativo em US$ 1,268 bilhão. Segundo Maciel, o segmento financeiro teve saldo líquido negativo de US$ 4,352 bilhões, enquanto a área comercial manteve-se positiva em US$ 3,084 bilhões no período.
Há pouco, o cupom cambial — taxa de juros em dólar — estava em 0,60% para o prazo curto, mostrando tranquilidade no fluxo.
Em tempo: O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, pode falar novamente hoje, em entrevista a correspondentes estrangeiros, na parte da tarde. Por enquanto, o compromisso não está na agenda oficial do ministro.