Protesto:desde o início da manhã, manifestantes contrários à privatização do Maracanã se concentraram em frente à sede do governo estadual para protestar contra a licitação, provocando o fechamento parcial da rua em frente ao Palácio Guanabara. (REUTERS/Sergio Moraes)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2013 às 14h05.
Rio de Janeiro - Um consórcio formado pela Odebrecht, que já atua na reforma do Maracanã, e pela empresa do bilionário Eike Batista IMX, que fez o estudo de viabilidade econômica do estádio, está entre os dois únicos grupos que oficializaram, nesta quinta-feira, o interesse em participar da concessão da arena à iniciativa privada, um processo marcado por polêmicas e protestos.
Junto com a IMX e a Odebrecht está a AEG, empresa que administra diversas arenas esportivas ao redor do mundo e que no Brasil tem acordos para administrar a Arena Pernambuco, também da Copa, e a nova arena do Palmeiras, que está em construção.
O outro grupo interessado na concessão do Maracanã é formado pela construtora OAS junto com as empresas Stadium Amsterdam (responsável pela Amsterdam Arena) e o grupo de mídia francês Lagardère, informou o governo do Estado, proprietário do complexo esportivo.
O vencedor da disputa será conhecido nos próximos dias, após a análise das propostas técnica e financeira e das garantias apresentadas. O ganhador vai explorar o complexo do Maracanã, que além do estádio inclui o ginásio Maracanãzinho, por 35 anos.
"São dois concorrentes muito fortes, empresas brasileiras com estrangeiras experientes na administração de arenas no exterior. Estamos satisfeitos", disse a jornalistas o chefe da Casa Civil do Estado, Régis Fichtner. "Vamos analisar as propostas e numa próxima sessão vamos anunciar o vencedor." Vinte e uma empresas acessaram os dados da licitação, mas só os dois grupos apresentaram proposta.
O vencedor da licitação terá que demolir o parque aquático Júlio Delamare e o estádio de atletismo Célio de Barros para a construção de um novo complexo multiuso que incluirá lojas, bares, restaurantes e um estacionamento nos arredores do estádio.
Também ficará a cargo da empresa vencedora a construção de um novo parque aquático e um centro de atletismo nas redondezas do complexo. O investimento previsto para o futuro concessionário completar as obras é de quase 600 milhões de reais.
O estádio do Maracanã, que está em obras ao custo de quase 900 milhões de reais para a Copa do Mundo de 2014, terá seu primeiro evento-teste após a reforma no dia 27 de abril, um jogo sem venda de ingressos organizado pelos ex-jogadores Ronaldo e Bebeto -- membros do Comitê Organizador Local da Copa.
As obras para readequação do exterior do estádio devem ser iniciadas após a Copa das Confederações, que acontece em junho deste ano.
Os clubes de futebol do Rio não participaram da licitação, mas o consórcio vencedor terá de se associar a um ou mais times da cidade, desde que não seja um contrato de exclusividade.
Protesto contra a privatização
A entrega das propostas só foi adiante nesta quinta-feira depois que o governo conseguiu derrubar, na noite passada, uma liminar na Justiça que impedia, a pedido do Ministério Público, a licitação.
Desde o início da manhã, manifestantes contrários à privatização do Maracanã se concentraram em frente à sede do governo estadual para protestar contra a licitação, provocando o fechamento parcial da rua em frente ao Palácio Guanabara.
A entrega das propostas, marcada inicialmente para às 10h, só começou no fim da manhã em razão do protesto.
O Ministério Público acusa o Estado de favorecer a IMX no processo de licitação, uma vez que a empresa foi contratada previamente pelo governo para estabelecer os parâmetros da licitação. Além disso, o MP é contra a demolição das arenas de natação e atletismo do complexo do Maracanã.
O governo nega as acusações. "Queremos algo melhor e mais confortável para os torcedores... O processo é absolutamente legal, é uma PPP (Parceira Público-Privada) e um modelo de gestão moderna", disse Fichtner.
Essa é a segunda polêmica envolvendo o Maracanã recentemente. No mês passado, a polícia usou a força para desocupar o prédio do antigo Museu do Índio, na parte externa do complexo, que há anos abrigava uma aldeia indígena. O local, que inicialmente seria derrubado para a construção de estacionamento, agora será reformado para receber um museu esportivo.