Economia

Dívida líquida deve chegar a 75% do PIB em 2023, prevê governo federal

O Ministério da Economia pediu ao Congresso Nacional a fixação da meta de resultado primário para 2021 em déficit de até R$ 247,118 bilhões na LDO

Dívida pública (Bruno Domingos/Reuters)

Dívida pública (Bruno Domingos/Reuters)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 15h02.

O Ministério da Economia mandou um ofício ao Congresso Nacional nesta terça-feira, 15, pedindo um ajuste no quadro da dívida pública no texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021. O governo prevê que a dívida líquida vai ser de 69,73% do Produto Interno Bruno (PIB) em 2021, indo para 72,86% em 2022, e chegando em 75,94% de todas as riquezas do país em 2023. O texto será votado pelos parlamentares na quarta-feira, 16.

O governo pediu também ao Congresso Nacional a fixação da meta de resultado primário para 2021 em déficit de até R$ 247,118 bilhões. O novo valor também consta em ofício enviado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ao presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).

A previsão de rombo ficou maior que os R$ 232 bilhões apontados por fontes ao Estadão/Broadcast na semana passada porque foi incluído o valor a ser gasto com a compra de vacinas contra covid-19. O governo já anunciou que vai destinar R$ 20 bilhões para imunizar a população.

Embora o crédito extraordinário para as vacinas possa ser aberto em 2020, sua execução se dará apenas no ano que vem, uma vez que é praticamente inviável assinar os contratos até o fim de 2020. Com isso, a despesa seguirá fora do teto de gastos (que limita o avanço das despesas à inflação, mas não se aplica aos gastos imprevistos contra covid-19), mas sensibiliza o resultado primário.

A meta é resultado da diferença entre receitas e despesas primárias do governo. Há exatos oito meses, na data-limite do envio da proposta de LDO, o governo havia apresentado uma ideia de meta flexível, uma fórmula obtida a partir do teto de gastos e das receitas que se realizassem no ano de 2021. O argumento era a elevada incerteza para prever a arrecadação no ano que vem, mas o efeito prático era um salvo-conduto para o governo executar o Orçamento sem precisar fazer bloqueios em caso de frustração de receitas.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o Tribunal de Contas da União (TCU) alertou para o risco de essa meta flexível infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que exige uma meta com valor fixo, e a própria Constituição. Com isso, a equipe econômica decidiu pedir a mudança na meta.

No documento enviado ao Congresso, o Ministério da Economia informa que as incertezas já diminuíram, o que permitiu a revisão. "A meta de primário definida em valor nominal sempre foi a opção adequada, porém, em abril, não foi possível adotá-la pelas razões já expostas. Neste momento, no entanto, o cenário para 2021 está mais previsível e permite retorno à prática tradicional da meta nominal fixa", diz o novo texto do anexo de metas fiscais.

No ofício, Guedes informa a Alcolumbre que submete uma "sugestão de alteração" na meta fiscal de 2021. Na prática, a incorporação das mudanças dependerá do relator, senador Irajá (PSD-TO).

O déficit do Governo Central (que reúne as contas do Tesouro Nacional, do INSS e do Banco Central) previsto para 2021 equivale a 3,16% do PIB. No mesmo documento, o governo prevê rombo no setor público consolidado (que inclui estatais federais Estados e municípios) um déficit de R$ 250,89 bilhões. O rombo do INSS deve chegar a R$ 291,787 bilhões no ano que vem.

As estimativas para os próximos anos são de déficit de R$ 178,93 bilhões em 2022 e R$ 150,13 bilhões em 2023 para o Governo Central.

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