Economia

Dívida interna cai com investidores pedindo taxas mais altas

Estoque da dívida interna brasileira caiu em outubro frente a setembro em um mês marcado pelas incertezas em decorrência da eleição


	Economia brasileira: investidores estão pedindo taxas maiores ao Tesouro na compra dos títulos
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Economia brasileira: investidores estão pedindo taxas maiores ao Tesouro na compra dos títulos (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2014 às 16h47.

Brasília - O estoque da dívida interna brasileira caiu em outubro frente a setembro em um mês marcado pelas incertezas em decorrência da eleição presidencial, com investidores pedindo taxas maiores ao Tesouro Nacional na compra dos títulos, num posicionamento que se mantém em novembro em meio às indefinições que cercam a nova equipe econômica.

"As taxas exigidas pelos investidores foram maiores em outubro em relação a setembro", disse o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido a jornalistas nesta terça-feira, acrescentando que este movimento continua em novembro.

De acordo com dados do Tesouro, no leilão de títulos realizado em 23 de outubro, a Letra do Tesouro Nacional (LTN)--que são títulos prefixados-- com vencimento em julho de 2018 saiu com taxa máxima de 12,4099 por cento, acima da taxa máxima de 11,9300 por cento do leilão para o mesmo papel realizado em 18 de setembro.

No último leilão deste papel, realizado em 19 de novembro, a taxa máxima foi de 12,8600 por cento.

Garrido evitou, no entanto, relacionar as operações da dívida em outubro com a volatilidade da eleição que deu vitória à presidente Dilma Rousseff. Em outubro, o estoque da dívida pública mobiliária federal interna caiu 1,36 por cento frente a setembro, atingindo 2,051 trilhões de reais, influenciado por um forte resgate líquido de títulos, segundo informações do Tesouro Nacional.

O estoque total da dívida pública federal, incluindo também a dívida externa, recuou 1,29 por cento em outubro, para 2,155 trilhões de reais.

No período, os resgates de títulos somaram 84,428 bilhões de reais, enquanto as emissões ficaram em 35,739 bilhões de reais, em operações que resultaram em resgate líquido de papéis da dívida brasileira de 48,689 bilhões de reais.

Segundo Garrido, o elevado resgate ocorreu pelo alto vencimento de títulos no mês passado, a maioria de papéis prefixados.

Em outubro, os títulos corrigidos pela Selic corresponderam a 19,04 por cento do total do passivo ante 18,36 por cento em setembro. Para o término deste ano, a meta é que fiquem entre 14 e 19 por cento.

Os papéis corrigidos pela inflação passaram a 36,04 por cento da dívida em outubro, ante 35,07 por cento em setembro. Para o fim do ano a meta é que fiquem entre 33 e 37 por cento.

Já os papéis prefixados representaram 40,16 por cento do total da dívida, menor que os 41,84 por cento no mês anterior. A meta do governo para o ano é que fique entre 40 e 44 por cento.

No mês marcado pela eleição presidencial, os dados do apresentados pelo Tesouro mostram ainda que os investidores estrangeiros aumentaram suas aplicações em títulos da dívida interna brasileira a 20,38 por cento do total do estoque, frente a 19,32 por cento verificada no mês anterior.

Em outubro a dívida externa do país registrou recuo de 0,05 por cento ante setembro, com o estoque em 104,53 bilhões de reais.

A incerteza sobre a montagem da equipe econômica do segundo mandato de Dilma, que tem afetado os mercados acionários, de câmbio e de juros, também tem tido impacto no mercado de títulos da dívida em novembro.

"Eu diria que assim como nos outros mercados, o mercado de taxas de títulos é influenciado pelos mesmos fatores que geram as variações de preços nos outros mercados. Se há volatilidade nos mercados em geral, o mercado de títulos tende a ser afetado também", disse Garrido.

Sobre novas emissões, Garrido disse apenas que o Tesouro está constantemente "avaliando a janela de oportunidade para emissão externa", mas não informou, no entanto, se há perspectiva para novas emissões.

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