Economia

Dívida bruta bate recorde de 79,7% do PIB em abril

Dívida alcançou o maior patamar da série histórica iniciada pelo Banco Central em dezembro de 2006

Dívida líquida cresceu a 52,7% do PIB, ante 51,7% no mês anterior (Fredcardoso/Getty Images)

Dívida líquida cresceu a 52,7% do PIB, ante 51,7% no mês anterior (Fredcardoso/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 29 de maio de 2020 às 11h09.

Última atualização em 29 de maio de 2020 às 11h10.

Com o forte desequilíbrio entre receitas e despesas por causa das medidas para enfrentamento ao coronavírus, a dívida bruta brasileira saltou a 79,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em abril, sobre 78,5% em março, ao maior patamar da série histórica iniciada pelo Banco Central em dezembro de 2006.

Em pesquisa Reuters, a expectativa era de uma dívida ainda maior no mês, de 81% do PIB.

Já a dívida líquida cresceu a 52,7% do PIB, ante 51,7% no mês anterior e projeção de que fosse a 52,4% do PIB.

Na véspera, o Tesouro Nacional estimou que, como consequência das ações já tomadas para combate aos efeitos econômicos da pandemia, a dívida bruta passe de 75,8% do PIB em 2019 para mais de 93% neste ano. A dívida líquida, por sua vez, deve pular de 55,7% para cerca de 68% do PIB.

Segundo dados divulgados pelo BC nesta sexta-feira, o aumento da dívida veio na esteira do forte déficit primário registrado pelo setor público consolidado, de 94,303 bilhões de reais em abril --rombo histórico para todos os meses da série do BC iniciada em dezembro de 2001.

O déficit do governo central (governo federal, BC e Previdência) foi de 92,165 bilhões de reais no período. Enquanto isso, Estados e municípios ficaram no vermelho em 1,943 bilhão de reais e as empresas estatais tiveram déficit de 195 milhões de reais.

Sobre o desempenho do governo central, o Tesouro já havia informado na véspera que o déficit de abril havia sido impactado, do lado da receita, pelo forte volume de diferimento de impostos e, no caso das despesas, por medidas de enfrentamento à crise de quase 60 bilhões de reais, com destaque para o pagamento do auxílio emergencial de 600 reais, que somou 35,8 bilhões de reais no mês.

De janeiro a abril, o déficit do setor público consolidado foi a 82,583 bilhões de reais e, em 12 meses, a 164,429 bilhões de reais (2,25% do PIB), bem mais que o dobro do observado em todo o ano de 2019.

Segundo o Tesouro, a projeção de déficit primário para o setor público é de 708,7 bilhões de reais, ou 9,9% do PIB, cálculo que leva em conta as medidas implementadas até aqui. Com novas frustrações de receita e eventual renovação de programas, o rombo passará de 10% do PIB.

O déficit nominal, que inclui o pagamento de juros da dívida pública, alcançou 115,820 bilhões de reais em abril e saltou a 545,716 bilhões de reais no acumulado em 12 meses, ao patamar de 7,48% do PIB.

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