Vergalhões de aço: vendas recuaram 18,6% de janeiro a junho sobre o mesmo período do ano passado (China Daily/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2015 às 16h20.
São Paulo - Os distribuidores de aços planos no Brasil tiveram no primeiro semestre o pior volume de vendas desde 2009 e a previsão de queda da comercialização neste ano deve ser piorada nos próximos meses, mostraram dados divulgados nesta terça-feira pela entidade que representa o setor, Sindisider.
As vendas dos distribuidores de aços planos, insumo usado na produção veículos e máquinas e equipamentos, recuaram 18,6 por cento de janeiro a junho sobre o mesmo período do ano passado, para 1,8 milhão de toneladas. Apenas em junho, a queda foi de 19,5 por cento.
Em 2009, as vendas no primeiro semestre haviam somado 1,536 milhão de toneladas.
O Sindisider prevê queda de 12 por cento nas vendas este ano, para 3,765 milhões de toneladas, mas deve piorar a expectativa nos próximos meses, devido ao fraco desempenho no primeiro semestre, disse o presidente da entidade, Carlos Loureiro.
"Tem muita fábrica parada, estoque alto entre os distribuidores e os clientes dos distribuidores, isso leva a deduzir que a crise vai levar um pouco mais de tempo para ser sanada", disse Loureiro. "As vendas vão continuar caindo por conta desses estoques (nos clientes)", acrescentou.
O setor de distribuição, responsável por cerca de 30 por cento da produção das usinas siderúrgicas nacionais, encerrou o primeiro semestre com estoque de aços planos suficiente para 4,1 meses de comercialização, de 1,055 milhão de toneladas. O nível ideal, segundo Loureiro, seria material para 2,5 a 2,8 meses de vendas.
Para julho, a expectativa é que o volume estocado entre os distribuidores se matenha no patamar de 4 meses, com a entidade esperando estabilidade sobre o fraco nível de vendas de junho. No ano passado, o estoque de aços planos entre os distribuidores do país em julho era equivalente a 3 meses de comercialização.
O cenário de sobreoferta no mercado interno torna difícil para os distribuidores aceitarem reajustes generalizados de preços pelas siderúrgicas, mesmo com a desvalorização do real ante o dólar, disse Loureiro.
Ele avaliou que o terceiro trimestre, normalmente o melhor para o setor em termos de vendas, deve ter desempenho parecido com o do segundo trimestre, que teve queda de 32 por cento na comercialização sobre o mesmo período do ano passado.
Loureiro comentou que os distribuidores estão trabalhando com margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 1,5 por cento ante 7 a 8 por cento em anos considerados "normais" pelo Sindisider, e que o setor encerrou maio com 107.145 postos de trabalho ocupados ante 120.378 em 2014.