Energia elétrica: revisões foram necessárias para bancar custos causados pela seca (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2015 às 12h21.
Brasília - As distribuidoras de energia elétrica brasileiras esperam um aumento da inadimplência nas contas de luz em 2015 em função dos elevados reajustes tarifários, disse nesta segunda-feira o presidente da associação que representa o setor, Abradee, Nelson Fonseca Leite.
“Há uma expectativa de que haverá um aumento da inadimplência”, disse o executivo, durante divulgação de pesquisa da entidade sobre a satisfação dos consumidores com as concessionárias.
Leite afirmou, no entanto, ainda não ter números sobre a evolução dos índices de inadimplência das empresas após a revisão extraordinária das tarifas, em março deste ano.
Isso porque as empresas calculam os índices de faturamento levando em conta atrasos superiores a 90 dias no pagamento das faturas e, como as primeiras contas após a revisão extraordinária teriam de ser pagas em abril, o prazo está vencendo agora e ainda não há números objetivos, explicou o presidente da Abradee.
No começo do ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou revisões extraordinárias de tarifas para 58 distribuidoras do país, com impacto médio nacional de mais de 23 por cento.
As revisões foram necessárias para bancar custos causados pela seca, como o aumento do repasse da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), e o reajuste da energia de Itaipu.
Em meio ao cenário de contas de luz mais caras, a satisfação do consumidor de energia elétrica registrou ligeira queda, de 1,6 ponto porcentual este ano, em relação ao ano passado, segundo a Abradee.
A entidade divulgou nesta quarta-feira seu Índice de Satisfação com a Qualidade Percebida (ISQP), com 77,3 por cento dos entrevistados dizendo estar satisfeitos ou muito satisfeitos com os serviços das concessionárias, ante 78,9 por cento que faziam essa avaliação ano passado.
A pesquisa ouviu consumidores de mais de 39 mil residências em 1.280 municípios de todas as regiões do país e tem margem de erro de 1,3 ponto porcentual, para baixo ou para cima.
Leite ponderou, entretanto, que a pesquisa foi feita entre fevereiro e março, antes de o consumidor sentir os efeitos da revisão extraordinária.
"Houve mais influência do que foi falado, divulgado, do que percepção do aumento propriamente dito”, disse Leite. Na época da pesquisa, porém, os consumidores já estavam pagando contas de luz maiores do que as de 2014 por conta das chamadas bandeiras tarifárias, em vigor desde janeiro.