Torre de energia elétrica: "cada 1 bilhão de reais a mais de despesa significa mais ou menos 1 ponto percentual na tarifa de energia", disse o presidente da Abradee (Carla Gottgens/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2013 às 13h30.
Brasília - As distribuidoras de energia elétrica podem ter impacto no fluxo de caixa de 4,2 bilhões a 13,1 bilhões de reais em 2014, segundo a Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), diante das estimativas de continuidade da geração termelétrica, exposição involuntária no mercado de energia e preço de energia contratada no leilão de energia A-1.
A Abradee disse nesta semana que o impacto poderia chegar a até 5,6 bilhões de reais, em média, mas a associação refinou os dados e agregou à conta a expectativa de despacho térmico para 2014, que pode resultar em custo adicional médio de 3,2 bilhões de reais no ano. Assim, o impacto total no fluxo de caixa das empresa poderia ficar em 8,6 bilhões de reais no ano que vem.
As empresas arcam com esse peso no curto prazo, mas são eventualmente repassados a consumidores nas datas de reposicionamento tarifário das distribuidoras. Até agosto, cerca de 80 por cento das companhias já terão passado pelo reajuste, segundo a Abradee.
"Cada 1 bilhão de reais a mais de despesa significa mais ou menos 1 ponto percentual na tarifa de energia", disse nesta quinta-feira a jornalistas o presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite.
A conta considera um cenário de preço de energia (PLD) em patamares de 190 a 290 reais por megawatt-hora (MWh), e pode ser sentido no fluxo de caixa das distribuidoras sem a ajuda do governo com repasses de recursos, conforme ocorreu em 2013.
Em 2013, até novembro, as concessionárias receberam 9,6 bilhões de reais da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), para ajudar a aliviar as despesas imediatas principalmente relacionadas ao forte acionamento de térmicas, que foram praticamente todas ligadas para preservar o nível dos reservatórios das hidrelétricas- que estavam em pisos recordes.
O decreto que autorizou os repasses só vale até o fim do ano e ainda não há definição sobre a renovação da medida.
"Vamos iniciar um novo ciclo de conversas com o governo sobre isso", disse o presidente da Abradee, Fonseca Leite.
Segundo ele, o tema já foi manifestado aos líderes do Ministério de Minas e Energia, do Tesouro Nacional e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), antes do leilão A-1, na terça-feira. Desde então, a expectativa de cenário para 2014 está mais concreta, já que as distribuidoras contrataram apenas cerca de 40 por cento de energia que precisavam.
Além disso, também na terça-feira, a Aneel postergou em um ano a aplicação das Bandeiras Tarifárias, medida que sinalizaria para o consumidor na fatura quando ele teria acréscimo na conta de energia.
Se a medida fosse aplicada, cerca de 400 milhões de reais deixariam de impactar o caixa das distribuidoras por mês, quando a bandeira amarela fosse acionada, valor que seria repassado ao consumidor.
Quando a bandeira vermelha fosse acionada, no pior cenário de maior necessidade de geração termelétrica, o repasse poderia ser de cerca de 800 milhões de reais por mês, segundo o diretor de assuntos regulatórios da Abradee, Marco Delgado.
Na data dos reajustes tarifários, esses valores já pagos pelos consumidores seriam compensados na tarifa.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse na véspera que pode realizar mais leilões para diminuir a exposição das distribuidoras no curto prazo. A ajuda do governo às distribuidoras ainda não está definida. (Por Anna Flávia Rochas)