Economia

Disputa entre China e EUA pode afetar exportações do Brasil, diz MDIC

Ministro disse que governo acompanha desdobramentos da disputa entre os países, que pode ter impactos na redução do preço das commodities agrícolas

China e EUA: Trump anunciou sobretaxas no valor de US$ 50 bilhões sobre centenas de produtos chineses que entram no país (Getty Images/Getty Images)

China e EUA: Trump anunciou sobretaxas no valor de US$ 50 bilhões sobre centenas de produtos chineses que entram no país (Getty Images/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de junho de 2018 às 20h53.

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, afirmou hoje (20) que o governo federal acompanha os desdobramentos da disputa comercial travada entre Estados Unidos e China, que pode ter impactos na redução do preço das commodities agrícolas no mercado internacional.

Na semana passada, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou sobretaxas no valor de US$ 50 bilhões sobre centenas de produtos chineses que entram nos EUA. Como retaliação, o governo chinês também aplicou uma taxação equivalente contra uma extensa lista de itens comprados dos Estados Unidos, incluindo produtos agropecuários.

"Estamos acompanhando as manifestações de ambos os lados. Obviamente que fica a preocupação de termos, eventualmente, diminuição de valor de produtos que são fundamentais para as nossas exportações. Entretanto, nós temos uma relação sólida tanto com a China, que é nosso principal parceiro comercial, quanto com os Estados Unidos, nosso segundo principal parceiro comercial", afirmou Marcos Jorge.

O ministro acrescentou que "seria prematuro" fazer qualquer menção sobre outros impactos que o recrudescimento das relações comerciais entre China e EUA pode trazer ao Brasil, mas ressaltou que essa disputa não interessa a ninguém. "O que nós esperamos é que essas posições não levem prejuízos não apenas para o Brasil, mas para o mundo inteiro."

Carne de frango

Marcos Jorge também comentou que o governo federal tem atuado diretamente com o Departamento de Comércio chinês para evitar que o embargo às exportações brasileiras de carne de frango se torne definitivo.

No início do mês, a China impôs, em caráter provisório, medidas antidumping sobre a importação de frango do Brasil, por considerar que seus produtores sofrem concorrência desleal do país.

Com isso, as empresas que exportam para a China passaram a pagar sobretaxas que variam entre 18,8% e 38,4%, que é a faixa de dumping (venda de produtos com preço abaixo de mercado) que as autoridades de Pequim calculam que tem a carne de frango brasileira.

O tema do embargo comercial a produtos agropecuários brasileiros também será pauta de encontros que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, terá com autoridades da China e da Rússia, esta semana, na África do Sul, durante as reuniões preparatórias para a 10ª Cúpula do Brics - grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Pacto Global

Marcos Jorge deu as declarações após participar do evento que confirmou a adesão do MDIC à Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU).

O ministério é o primeiro órgão do Poder Executivo Federal a fazer parte da rede, que articula empresas privadas e instituições no desenvolvimento de ações e valores internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. O evento contou com a participação de representantes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil (Pnud) e do Comitê Brasileiro do Pacto Global (CBPG).

"Nós temos a expectativa de poder contribuir, a partir de grupos de trabalho, com temas como uso da água, da energia, que é um insumo fundamental da nossa indústria. São trabalhos que podem contribuir com o setor produtivo brasileiro, mas também com a agenda que nós temos pela frente até 2030, que afeta sustentabilidade, desenvolvimento e, sobretudo, meio ambiente."

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