Economia

Diretor-geral da ANP avalia que ataque vai valorizar leilão do pré-sal

Os leilões de petróleo no Brasil estão programados para os meses de outubro e novembro

Drone atinge instalação de petróleo na Arábia Saudita (Stringer/Reuters)

Drone atinge instalação de petróleo na Arábia Saudita (Stringer/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 16 de setembro de 2019 às 22h28.

O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, avalia que o ataque feito por drones no último sábado (14) a instalações de petróleo na Arábia Saudita vai aumentar o interesse de companhias estrangeiras do setor em participar dos leilões de petróleo no Brasil, programados para os meses de outubro e novembro.

"Aumenta a percepção de risco no mercado de petróleo, o que deve se refletir nos preços, mesmo após a retomada plena do suprimento saudita, o que valoriza o pré-sal e os demais ativos brasileiros", disse Oddone, por meio de nota divulgada hoje (16).

No mercado financeiro, o ataque também traz impactos, de acordo com o economista-chefe da Daycoval Asset Management, Rafael Cardoso.

"Do lado mais amplo e incerto, [o ataque] levará à elevação da tensão geopolítica na região. Em relação aos impactos econômicos globais, há a alta do preço do petróleo, como já está ocorrendo, mas que não deve se perpetuar devido à retomada da produção saudita nos próximos meses ou à expansão da oferta por parte de outros participantes [da Organização dos Países Exportadores de Petróleo - Opep]."

Para o economista, se houver alta de inflação nos países, ela deverá ser momentânea até a normalização da oferta de petróleo em um contexto global. "Neste sentido, deverá haver pouca implicação para a decisão dos bancos centrais em reduzir as taxas de juros, dado o choque passageiro".

Cardoso disse que a elevação momentânea dos preços, seguida de normalização, bem como a não implicação para a política monetária, valem também para o cenário nacional, onde "o Banco Central está em meio a um ciclo de queda da taxa (básica de juros) Selic".

O Índice Ibovespa, da B3 (antiga Bolsa de Valores de São Paulo), fechou o dia em alta de 0,17%, com 103.680 pontos. As ações preferencias da Petrobras (Petrobras PN N2) foram as mais negociadas do pregão e tiveram uma alta de 4,39%. As ações ordinárias da estatal (Petrobras ON N2) também fecharam em alta de 4,52%.

Ataque por drones

A Arábia Saudita anunciou que um oleoduto da Aramco que atravessa o país foi atacado por drones armados nesse sábado por organizações terroristas, entre elas as milícias Houthi, apoiada pelo Irã. Após o anúncio saudita, os Houthis assumiram a autoria dos ataques.

Segundo o ministro de Enegia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman, o ataque resultou na redução da produção diária de óleo do país em cerca de 5,7 milhões de barris. A quantidade corresponde a cerca de 5% da oferta global.

Os ataques repercutiram no preço do petróleo no mercado mundial. O índice Brent ultrapassou os US$ 71 por barril, logo depois do começo do pregão desta segunda-feira (16) em Londres, o que representa mais de 18% em relação à semana passada.

O anúncio de que os Estados Unidos devem liberar suas reservas de petróleo, ajudou a conter a alta dos preços, mas as cotações do preço futuro do petróleo nos mercados-chave se mantém cerca de 10% mais altos do que na semana anterior.

Pelo Twitter, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que seu governo está pronto para responder aos ataques contra as instalações petrolíferas na Arábia Saudita.

* Com informações da NHK, emissora pública de televisão do Japão, e da RTP, emissora pública de televisão de Portugal

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