Dólar: o diretor da Fiesp defendeu as ações do governo para manter a moeda norte-americana no nível atual, mesmo com a ocorrência do "tsunami monetário" externo (Christopher Furlong/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 18h13.
São Paulo - O diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca, avaliou, no seminário "Câmbio e Comércio Internacional em Perspectiva", ser possível em 2013 "um deslizamento gradual da taxa de câmbio, chegando ao teto de R$ 2,30 até dezembro".
Giannetti afirmou que a valorização do dólar permitirá uma melhoria na competitividade da indústria, mas ela deve ocorrer com baixa volatilidade e monitoramento da inflação.
"Acho possível chegar a isso (dólar em R$ 2,30) sem impacto porque a correlação com a inflação é residual e depende também da alta dos preços de commodities, que são dolarizadas", disse Giannetti.
O diretor da Fiesp avaliou que hoje, mesmo implicitamente, o governo mantém a taxa de câmbio na faixa de R$ 2 a R$ 2,10 e defendeu as ações do governo para manter a moeda norte-americana nesse nível, mesmo com a ocorrência do "tsunami monetário" externo.
Giannetti criticou ações de afrouxamento monetário de países ricos, como nos Estados Unidos, e avaliou que o "fluxo de dólar acaba vindo para países em desenvolvimento" como o Brasil. "A surda guerra cambial existe e países a praticam de maneira espúria para melhorar a competitividade", disse.
O diretor da Fiesp avaliou ainda que a política de valorização do real ante o dólar, praticada até o ano passado, foi feita para garantir as metas de inflação, mas contribuiu com o processo de desindustrialização do País. Com isso, houve um saldo negativo crescente entre exportações e importações de produtos manufaturados, o qual, até outubro de 2012, chega US$ 78,8 bilhões.
"Em 2006 tínhamos equilíbrio na balança", lembrou. "Houve ainda uma redução do crescimento do PIB por conta da contribuição negativa do comércio exterior, com as importações crescendo mais que as exportações. Se isso não acontecesse, o PIB poderia crescer 3% ou 4% ao ano", afirmou.