Dilma Rousseff: presidente também defendeu a integração entre governo, iniciativa privada e órgãos de fiscalização para viabilizar as obras das concessões e evitar pedidos incompatíveis (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2013 às 20h01.
Brasília – A presidente Dilma Rousseff disse hoje (19) que se surpreendeu com notícias veiculadas na imprensa classificando de “aventureiro” o consórcio, composto por dez empresas, que venceu o leilão de concessão da BR-050, rodovia que liga Goiás e Minas Gerais.
O consórcio propôs a menor tarifa, de R$ 0,04534 por quilômetro, representando deságio de 42,38%. Dilma falou sobre o assunto após inaugurar um trecho da ferrovia Ferronorte e o Complexo Intermodal Rondonópolis, o maior da América Latina, neste município mato-grossense.
“Hoje eu estava lendo de manhã o jornal e vi uma observação que me surpreendeu: que a empresa era aventureira, que ganhou porque era aventureira, dando um deságio de 42%. Você sabe quanto foi o deságio da segunda?
Foi 38%, se não me engano, ou 37%. Mas não interessa, vamos supor que seja 36%. Da terceira [empresa] e da quarta. também. Mais de 36% da terceira e da quarta também. Então, você tem hoje um deságio das quatro empresas bastante significativo”, reagiu Dilma.
A presidente também defendeu a integração entre governo, iniciativa privada e órgãos de fiscalização para viabilizar as obras das concessões e evitar pedidos incompatíveis. “É impossível querer três coisas simultâneas, quando elas são contraditórias. Eu não posso querer uma taxa de retorno muito valorizada e uma tarifa muito baixa. Há estados que se recusam a pagar tarifa de pedágio.
É impossível fazer concessão sem tarifa de pedágio”, disse Dilma, lembrando que o objetivo das concessões é viabilizar obras de duplicação e melhoria das rodovias.
Em discurso na inauguração de trecho da ferrovia Ferronorte e do Complexo Intermodal Rondonópolis, a presidente destacou a "imensa fragilidade” do país em infraestrutura logística.
Segundo ela, o Brasil está correndo para corrigir o atraso, fundamentalmente na área de ferrovias, definida por grandes potências continentais, há mais de um século, como forma de internalizar seu desenvolvimento e aumentar a competitividade. “O Brasil é um país continental, exportador de alimentos, com grande agronegócio e poderio mineral, imensa capacidade de intercomunicação com mercados diversficados, que precisam de ligação interna, e sem estrutura ferroviária.”
Dilma ressaltou as vantagens do transporte ferroviário para escoamento da produção do país, como menores custos, mais agilidade e capacidade de otimizar a ligação com rodovias, hidrovias e portos.
De acordo com a presidente, o complexo intermodal inaugurado em Rondonópolois é um avanço a mais nesse sentido. “Um complexo intermodal, o maior da América Latina, é um local que atrai outras empresas, onde se criam emprego e renda, e tem condição de transformar empresas e negócios em todo seu entorno”.