Ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega (RICARDO BENICHIO/VEJA)
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2012 às 20h09.
São Paulo - O economista Maílson da Nóbrega, Ministro da Fazenda no final da década de 1980, defende que a presidente Dilma Rousseff está, sim, fazendo uma privatização com os planos de parcerias, apesar das recusas do governo em usar o termo. E uma “privatização envergonhada”, segundo ele.
Dilma anunciou no mês passado um grande plano de parcerias político-privada para investimentos nas ferrovias e rodovias brasileiras e espera-se que um plano semelhante seja lançado em setembro, dessa vez voltado para os aeroportos e portos do país.
“A presidente precisa ser mais ousada”, disse o ex-ministro em entrevista para EXAME.com durante o EXAME Fórum 2012. “A privatização, que ela escolhe chamar de concessão, não foi o suficiente”. Para Nóbrega, o grande gargalo brasileiro é a infraestrutura e nem os aeroportos hoje sob concessão (Guarulhos, Viracopos e Brasília) funcionam como deveriam.
“Agora, Dilma tem dois desafios: de fato privatizar, porque nós sabemos que o governo não tem dinheiro para tanto investimento, e superar esse medo petista da palavra ‘privatização’”, disse. Apesar das críticas, Nóbrega elogiou o plano para ferrovias e rodovias, que considerou tímido, porém um “importante avanço”: “Há novidades no plano, como o fato de que mais de uma empresa poderá utilizar a insfraestrutura, por exemplo”.
Sobre a perspectiva de um pacote semelhante para investimentos em portos e aeroportos, Nóbrega foi veemente: “Espero que ele seja ainda mais ousado do que as chamadas parcerias político-privada, que nada mais são do que privatizações envergonhadas”, diz.