Economia

Dilma e Obama iniciam novo capítulo nas relações bilaterais

As relações entre Brasília e Washington sofreram um verdadeiro terremoto após revelações de que a CIA havia interceptado ligações pessoais de Dilma


	Durante reuniões, os presidentes conversarão sobre a cooperação em áreas de defesa, mudanças climáticas, educação, ciência, tecnologia e comércio
 (Pedro Santana/AFP)

Durante reuniões, os presidentes conversarão sobre a cooperação em áreas de defesa, mudanças climáticas, educação, ciência, tecnologia e comércio (Pedro Santana/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2015 às 17h40.

Washington - A presidente Dilma Rousseff e seu colega americano, Barack Obama, lançarão em Washington, no dia 30 de junho, uma nova fase das relações bilaterais Brasil-Estados Unidos, uma associação que voltou a ser "saudável", segundo a secretária de Estado adjunta para a América Latina.

"Trata-se do início de um novo capítulo em nossa relação bilateral. Esta relação foi posta à prova nos últimos 18 meses, de forma que é um relançamento de nossa associação", declarou Roberta Jacobson, durante uma conferência no centro de reflexão Atlantic Council.

As relações entre Brasília e Washington sofreram um verdadeiro terremoto após as revelações de que a inteligência americana havia interceptado ligações pessoais de Dilma, um escândalo que motivou o adiamento de uma visita oficial de Dilma prevista aos Estados Unidos.

Jacobson assegurou que, desde então, os dois governos realizaram um grande trabalho para recompor suas relações, mas admitiu que, apesar desse esforço, a percepção pública é que os contatos continuam sendo problemáticos no topo da hierarquia.

Neste contexto, "uma demonstração pública de que a relação voltou a ser saudável entre os dois líderes é muito importante", enfatizou.

"As relações entre os dois países podem ser intensas e dinâmicas, mas é necessário que o público perceba que os presidentes estão participando dela", disse, ainda, Jacobson.

Segundo a secretária de Estado adjunta, a agenda das reuniões entre Dilma e Obama não deveria ser medida pelo número de acordos a serem assinados e sim pela extensão dos temas que discutirão: da cooperação em áreas de defesa até posições comuns sobre mudanças climáticas, passando por educação, ciência, tecnologia e comércio.

Dilma e Obama também deverão discutir "temas de caráter regional e global".

Entre os temas regionais, Jacobson destacou a análise da cooperação em apoio às eleições previstas para este ano no Haiti, onde o Brasil conduz a missão da ONU (Minustah).

Jacobson expressou também a esperança de que Dilma Rousseff e Obama falem "sobre a importância de avançar em várias das preocupações que existem em relação à Venezuela".

Ao falar do encontro entre Dilma e Obama no dia 30, Jacobson brincou que este "será o início de uma bela amizade", em alusão a uma cena do famoso filme "Casablanca", estrelado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman.
 

Momento-chave

Já o diplomata brasileiro Benoni Belli destacou a importância das conversações sobre cooperação no âmbito da defesa, apoiadas em um encontro que será mantido pelos ministros do setor, o americano Ash Carter e o brasileiro Jaques Wagner, durante a visita de Dilma a Washington.

Esta visita de Dima a Washington parece colocar um ponto final nas dificuldades que as relações entre os dois países atravessaram desde que o ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden revelou uma rede global de espionagem de seu país que teve como alvo não só a presidente brasileira, mas também as comunicações da Petrobras.

Obama pediu a seu vice-presidente, Joe Biden, que se encarregasse pessoalmente da recomposição das relações.

Biden viajou duas vezes ao Brasil e representou Obama na posse de Dilma depois de sua reeleição.

Dilma se hospedará na Blair House, a residência oficial para hóspedes do governo americano, e participará, em 29 de junho, de um seleto jantar com a família Obama na Casa Branca.

Para o analista Peter Schechter, do Atlantic Council, a visita ocorre em um momento-chave para os Estados Unidos, que buscam redefinir seu papel no continente, bem como para o Brasil, que quer consolidar os avanços sociais conseguidos na última década.

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