A ideia é replicar em outros países a experiência do Brasil com programas de transferência de renda (Roberto Stuckert Filho/PR)
Da Redação
Publicado em 3 de novembro de 2011 às 20h00.
São Paulo - Uma das propostas mais caras à presidente Dilma Roussef na reunião de cúpula do G20 em Cannes é a de criar redes de proteção social mundo afora. A ideia é replicar em outros países a experiência do Brasil com programas de transferência de renda, tal como o Bolsa Escola, criado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi adaptado e modificado pelo governo Lula no Bolsa Família.
Na avaliação de Dilma, o país tem uma bem-sucedida experiência com o programa, que ajudou a enfrentar a crise econômica de 2008 e a colocar 40 milhões de pessoas na classe média, ao mesmo tempo em que crianças passaram a ser vacinadas e ir à escola. O projeto também ajudou na inserção social e no acesso ao crédito. "Por isso apoiamos uma tese da Organização Internacional do Trabalho de um Piso de Proteção Social", disse Dilma.
Segundo o brasileiro Vinícius Pinheiro, assessor do diretor-geral da OIT, a proposta – que é apoiada em estudo coordenado pela ex-presidente do Chile, Michjelle Bachelet – deve constar no relatório final de sugestões do G20 de Cannes. “Não será uma medida global, mas adaptada às realidades de cada país”, explicou Pinheiro. Ele conta que há países, como Bolívia e Moçambique, que fazem esta transferência de renda usando recursos minerais – gás natural, no primeiro caso, e petróleo, no segundo. Em outras situações, o capital a ser transferido às famílias mais pobres teria de vir de ajuda internacional, como Ruanda.
“O sistema de agências das Nações Unidas entra com assistência técnica”, explica. “O que ajuda a trazer adeptos de países do G20 para esta ideia, como França, Espanha, Brasil, Argentina e África do Sul, entre outros, é que a transferência de renda aos mais pobres foi eficaz para impulsionar o crescimento”, comemora Pinheiro.