Economia

Dia do acerto de contas chegou para China, diz SocGen

País está sinalizando que não vai garantir sozinho e para sempre os financiamentos dados pelos governos locais e que chegou a hora do capital privado participar


	Novos prédios em Pequim
 (Lintao Zhang/Getty Images)

Novos prédios em Pequim (Lintao Zhang/Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 2 de fevereiro de 2015 às 16h39.

São Paulo - Estamos nos aproximando do dia em que a China irá confrontar a habilidade dos seus governos locais de garantir o crédito que move sua economia, de acordo com o Société Générale.

Uma nota do banco europeu assinada pelo analista Wei Yao diz que com a desaceleração do crescimento e o aperto da liquidez global, chegou a hora de desatar os nós que ligam o financiamento de governos e empresas locais.

2014 foi o sexto ano seguido em que o crescimento do crédito na China superou o crescimento da economia como um todo (que foi, aliás, o menor dos últimos 24 anos). 

Desde a crise financeira de 2008, a relação dívida-PIB do setor não-financeiro do país cresceu rapidamente e chegou a 230% do PIB (de acordo com outras estimativas, é ainda maior). E o crédito tem ido para investimentos pouco eficientes, para dizer o mínimo.

Isso só não preocupa mais porque "como a maioria dos credores e devedores estão relacionados ao governo, as dinâmicas usuais de exposição ao risco do mercado financeiro são frequentemente suprimidas", diz Wei.

Existe uma garantia implícita de que o governo central vai garantir estes títulos, mas ele sabe dos riscos envolvidos e está dando sinais de que o vínculo tem limites.

A solução de longo prazo, que o SocGen sugere e diz que já está no foco do governo chinês, é um plano de reestruturação que possa ser implementado gradualmente. Ele envolve uma participação cada vez maior do capital privado através de parcerias público-privadas e uma reforma no modelo de propriedade das empresas estatais locais.

No final do ano passado, o SocGen colocou um possível pouso forçado da China como segundo maior "cisne negro" (risco possível mas improvável) da economia global, com 20% de chance.

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