Economia

Devia ser proibido criar estatal, diz diretora do BNDES de FHC

"Tem que privatizar tudo", disse Elena Landau, diretora da área de desestatização do BNDES no governo FHC. "Eu não tenho vaca sagrada"

Economista Elena Landau em evento do Credit Suisse (31/01/2018) (João Pedro Caleiro/Site Exame)

Economista Elena Landau em evento do Credit Suisse (31/01/2018) (João Pedro Caleiro/Site Exame)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 31 de janeiro de 2018 às 15h08.

Última atualização em 31 de janeiro de 2018 às 17h23.

São Paulo - "Devia ser proibido criar estatal. Depois que abre uma estatal, você não fecha mais. O que faz a Telebras, a Infraero, a Valec?”, disse Elena Landau nesta quarta-feira (31).

Em um evento realizado pelo Credit Suisse em São Paulo, a economista afirmou que "tem que privatizar tudo", sem poupar teóricas exceções:

"A Petrobras é estratégica por que? Ela vende uma commodity. Fica uma coisa de vaca sagrada. Eu não tenho vaca sagrada."

Landau foi diretora da área de desestatização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no governo Fernando Henrique Cardoso.

No final de 2017, a economista deixou o PSDB após 25 anos no partido e se juntou ao movimento Livres, que se alojou no PSL para depois se afastar com o anúncio de uma aproximação com Jair Bolsonaro.

Analisando a pesquisa eleitoral divulgada hoje pela Datafolha, Landau diz que Bolsonaro "não privatiza nada" e "espera que ele não ganhe". Ciro Gomes seria a outra exceção não-privatizante.

Já os outros possíveis candidatos como Geraldo Alckmin, João Dória, João Amoêdo, Luciano Huck e até Marina Silva ("dependendo da equipe") fariam privatizações caso vençam a eleição, avalia ela.

"A privatização saiu do armário, com grande ajuda da Lava Jato. Pelo pior motivo possível, ela trouxe para nós o que significa ter empresa estatal", disse a economista.

Eletrobras

Seis meses após deixar a presidência do Conselho de Administração da Eletrobras, Landau acredita que a privatização da empresa vai acabar saindo de alguma forma pois não há outra solução.

Mas não poupa críticas ao processo, citando a forma como foi divulgado e a ideia de destinar um terço dos recursos para a Conta de Desenvolvimento Energético "para pagar populismo tarifário".

De forma geral, Landau vê falta de clareza no programa de privatizações do governo de Michel Temer na comparação com aquele do qual participou:

"A grande diferença daquela época pra atual é a questão da governança, que nos anos 90 era muito bem definida."

Segundo ela, o único presidente a fazer privatizações por questão ideológica foi Fernando Collor. Em todos os outros, a decisão foi pragmática e ligada à questão fiscal.

Em um painel anterior, o secretário do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), Marco Aurélio Silva, afirmou que o calendário de desestatização está mantido com 75 projetos a serem licitados neste ano:

“A despeito da Copa do Mundo e das eleições, na perspectiva técnica e no âmbito do PPI e do Ministério, absolutamente nada mudou e nada vai mudar em julho, em outubro ou em dezembro”.

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