Objetivo da medida, segundo o governo, é alavancar investimentos do setor e não necessariamente provocar uma queda nos preços (Arquivo)
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2013 às 18h16.
São Paulo – O governo anunciou hoje um pacote de incentivos que desonera o etanol. O objetivo é alavancar a produção e os investimentos do setor de etanol.
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o efeito pode não ser esse. “Quando você dá incentivos desse tipo nos custos da empresa, tendo em vista que a margem de lucro está caindo – um dos motivos é o salário – a tendência do empresário é não investir”, disse André Perfeito, para quem o governo deveria dar descontos ou facilitar a compra de bens de capital. “Essa medida é oportuna mas tem essa dificuldade de realmente canalizar recursos para investimentos”, afirmou.
Para Francisco Pessoa, economista da LCA, a medida vem em boa hora e vai levar ao aumento dos investimentos. Para Pessoa, a discussão de se os recursos serão direcionados para investimentos em etanol ou em açúcar não é relevante. “A relevância é ajudar um setor com o qual houve grande euforia no passado, mas que começou a sofrer por causa de questões de aumentos de custo da terra, um setor que depende de flutuação de preço do açúcar e foi prejudicado, no curto prazo, pela resistência do governo em aumentar a gasolina”, afirmou. O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, considera possível acompanhar o uso correto dos benefícios.
Inflação
O objetivo da medida, segundo o governo, é alavancar investimentos do setor e não necessariamente provocar uma queda nos preços – e refletir na inflação.
Durante a apresentação do pacote de medidas, o Ministro da Fazenda afirmou que, mesmo sem o objetivo de combater a inflação, o pacote tem medidas anti-inflacionárias. “Estamos fazendo redução de custo e expansão de investimento, aumento de oferta, que pode resultar em redução de preços, ambos são anti-inflacionários”, disse Mantega. Para Francisco Pessoa, da LCA, não deve ocorrer uma queda de preços. “Não consigo ver diminuição de preços, por flutuarem em torno de 70% do valor da gasolina”, afirmou.
“O maior perigo, na minha opinião, não é a inflação, é economia continuar crescendo como está”, disse André Perfeito. O IBC-Br, que avalia o ritmo da economia brasileira, recuou 0,52% em fevereiro em relação a janeiro. Esse foi o maior recuo para esse mês do ano desde fevereiro de 2005, quando a queda também foi de 0,52% na série com ajuste sazonal. Em relação a todos os meses do ano, a queda foi a maior variação negativa desde a queda de 0,84% em setembro de 2012 ante agosto.