Notas de cem reais: segundo consultoria, mesmo sem contar com a permanência das desonerações, o cenário fiscal de 2015 já exigia "grandes desafios" (USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2014 às 19h30.
São Paulo - A decisão do governo em tornar a desoneração da folha de pagamento uma medida permanente para os 56 setores já contemplados vai tornar o cenário fiscal do ano que vem mais desafiador, na visão no economista da MCM Consultores, Antonio Madeira.
"Não estávamos contando com essa decisão, imaginávamos justamente o contrário, que o governo voltasse com uma parte das desonerações em 2015 ou integralmente", disse.
Segundo o economista, mesmo sem contar com a permanência das desonerações, o cenário fiscal de 2015 já exigia "grandes desafios" para cumprimento da meta.
"Tínhamos a previsão de um superávit de 2% do PIB no que vem. Já não ia ser fácil, agora com essa decisão o governo vai ter que buscar arrecadação em outro lugar", disse. Madeira acredita que, para compensar a medida, o governo provavelmente vai manter a elevação do IPI para veículos e bebidas frias.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a previsão do impacto da desoneração da folha de pagamento para 56 setores é de R$ 21,6 bilhões neste ano e que o volume da renúncia fiscal pode crescer nos próximos anos, conforme mais contratações forem feitas pelas empresas.
Madeira disse que a decisão, a princípio, não altera as projeções de um superávit fiscal de 2% no ano que vem.
"O que aumento é o risco de não se cumprir essa meta", reforça. Para este ano, a consultoria trabalha com a estimativa de 1,3% do PIB, abaixo da meta do governo de 1,9%.
Questionado se acreditava que a permanência da desoneração era uma medida política do governo para agradar empresários por conta do ano eleitoral, Madeira ponderou que a decisão mostra que o governo percebe a situação ruim da economia.
"(A decisão) mostra que o governo está preocupado com a atividade que não anda, com um crescimento do PIB que deve ser baixo e com o baixo nível de confiança", afirmou.
"A pressão aumentou e o fiscal vai pagar a conta", disse.