Mais chefes de família aceitaram vagas como caixas, empregadas, garçons e outros empregos em setores que oferecem baixos salários (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2013 às 08h40.
Washington - O número de famílias que enfrentam a pobreza apesar de terem emprego continuou crescendo nos EUA em 2011, quando mais gente voltou a trabalhar, mas principalmente em funções mal remuneradas no setor de serviços, revelou uma análise divulgada nesta terça-feira.
Mais chefes de família aceitaram vagas como caixas, empregadas, garçons e outros empregos em setores que oferecem baixos salários, baixa carga horária e poucos benefícios, segundo o Projeto dos Pobres Trabalhadores, um esforço com financiamento privado voltado para a melhora da segurança econômica para famílias de baixa renda.
O resultado é que em 2011 havia 200 mil famílias de "pobres trabalhadores" a mais do que em 2010, segundo o relatório, que se baseia na análise dos dados mais recentes do Censo.
Cerca de 10,4 milhões dessas famílias --ou 47,5 milhões de norte-americanos-- agora vivem próximas da pobreza, definida nos EUA como sendo uma renda inferior ao limite oficial de pobreza, que é de 22.811 dólares por ano para uma família de quatro pessoas.
No geral, quase um terço das famílias trabalhadoras atualmente enfrenta dificuldades, segundo a análise. Em 2007, quando a recessão nos EUA começou, eram 28 por cento.
"Embora muita gente esteja voltando a trabalhar, elas estão muitas vezes assumindo vagas com salários menores e menos segurança no emprego, em comparação aos empregos de classe média que tinham antes da crise econômica", disse o relatório.
As conclusões ocorrem quase três anos depois de o país ter oficialmente deixado a recessão, no segundo semestre de 2009.
Brandon Roberts, coautor do estudo, disse que os resultados são de certa forma surpreendentes, já que no ano passado funcionários do Censo disseram que a taxa de pobreza no país se estabilizara.
Mas vários outros dados recentes vêm mostrando uma contração da classe média, apesar da recuperação econômica gradual dos últimos anos.
Os dados mostram que os 20 por cento mais ricos dos EUA receberam 48 por cento de toda a renda nacional, enquanto os 20 por cento mais pobres ficaram com apenas 5 por cento. Estados do Sul, como Geórgia e Carolina do Sul, e do Oeste, como Arizona e Nevada, tiveram o maior crescimento no número de famílias trabalhadoras pobres.
O efeito da quase pobreza sobre o crescente número de crianças que vive nessas famílias --um aumento de quase 2,5 milhões de menores em cinco anos-- também preocupa.
Em 2011, cerca de 23,5 milhões (ou 37 por cento) das crianças dos EUA viviam em famílias trabalhadoras pobres, contra 21 milhões (33 por cento) em 2007, segundo o relatório.
Parte do problema é que mais pais estão trabalhando no setor de serviços, o que resulta em longas jornadas noturnas, com as decorrentes dificuldades para cuidar dos filhos, além de salários baixos e um involuntário status de trabalhador de meio período, segundo a análise.