Economia

Desemprego se agrava na Eurozona e pode piorar ainda mais

O diretor-geral da OIT previu que se as ''políticas não mudarem e não surgir um enfoque equilibrado'' a crise do emprego transbordará as fronteiras da União Europeia

Manifestação em Paris contra o desemprego na Europa:  Empresas dos países que utilizam o euro estão chegando ao limite de sua capacidade de manter os postos de trabalho (Dominique Faget/AFP)

Manifestação em Paris contra o desemprego na Europa: Empresas dos países que utilizam o euro estão chegando ao limite de sua capacidade de manter os postos de trabalho (Dominique Faget/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2012 às 20h31.

Genebra - Desde o início do ano, a situação do emprego se agravou em metade dos países da zona do euro e pode piorar ainda mais, com uma perda adicional de 4,5 milhões de postos de trabalho até 2016, disse nesta terça-feira a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

''O número de desempregados na Eurozona pode alcançar os 22 milhões nos próximos quatro anos, em comparação com os 17,4 milhões na atualidade'', advertiu o diretor-geral da agência, Juan Somavía.

O diretor-geral previu que se as ''políticas não mudarem e não surgir um enfoque equilibrado'' a crise do emprego transbordará as fronteiras da União Europeia para ameaçar a economia mundial.

Somavía se referia à posição defendida pela OIT nos últimos anos de que a austeridade fiscal não é suficiente para tirar a zona do euro da crise e que são necessários estímulos concretos à economia real e ao emprego.

Por sua parte, o diretor do Instituto Internacional de Estudos Trabalhistas (IIEL), Raymond Torres, disse que se a previsão de mais 4,5 milhões de desempregados for concretizada, os mais afetados seriam ''alguns dos países onde o desemprego se mantém por enquanto relativamente baixo, como França e Itália''.

A situação se alastraria e não se limitaria, como aconteceu até agora, ''a países como Espanha, Grécia e Portugal, onde a crise se traduziu quase que inteiramente na perda de empregos'', disse.

''A Espanha foi o país onde a queda do emprego ocorreu mais rápida e de maneira mais profunda, mas o ajuste em termos de contração do mercado de trabalho para responder ao desaquecimento da economia se completou'', explicou Vicenzo Spieza, analista do IIEL, o braço acadêmico da OIT.


Isto significa que ''na projeção de perda de 4,5 milhões de empregos, a Espanha seria o país que perderia menos'', afirmou.

Segundo os analistas do IIEL, as empresas localizadas nos países que utilizam a moeda única estão chegando ao limite de sua capacidade de manter os postos de trabalho, uma opção que muitas companhias escolheram -em algumas ocasiões ajudadas por subsídios públicos- com a esperança de que a crise não se prolongasse demais.

''No entanto, as empresas terão que reconsiderar sua estratégia para manter sua competitividade'', disse Torres em entrevista coletiva em Genebra para apresentar o relatório sobre a situação do emprego na zona do euro.

Entre os fatores que dificultam uma recuperação do mercado de trabalho, Torres citou as limitações das pequenas e médias empresas para obter crédito e salários que nos últimos dez anos se mantiveram defasados em muitos países com relação ao aumento da produtividade.

Comparado com os níveis prévios à crise (antes de 2008), observa-se que atualmente existem 3,5 milhões a menos de empregos e um total de 17,4 milhões de pessoas buscam trabalho nos dezessete países do euro, onde o nível médio de desemprego é de 11%.

A falta de oportunidades de trabalho para os jovens preocupa a OIT, pois este grupo exibe uma taxa de desemprego acima de 22%. Na Eslováquia, Itália e Portugal a taxa supera 30%, e na Grécia e Espanha, está acima de 50%.


Ao criticar a maneira como os governos europeus enfrentam a crise, a OIT lembrou que treze países aplicaram reformas para flexibilizar seus mercados de trabalho, em geral para simplificar as demissões, e adiantou que o mais provável é que o resultado seja mais demissões, sem nenhum efeito positivo na geração de emprego.

Por outro lado, Torres defendeu os programas públicos de apoio à contratação de jovens, que custariam 0,5% do total do gasto público dos países do euro, cerca de 21 bilhões de euros.

''É uma fração dos 120 bilhões ou 130 bilhões de euros que custaria o pacote para estimular o crescimento e o emprego que se discute na União Europeia'', mencionou. 

Acompanhe tudo sobre:DesempregoEuropaOITUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto