Feira de empregos em Chicago: taxa de desemprego dos EUA registrou seu menor nível em seis anos (Scott Olson/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2014 às 16h46.
Washington - A taxa de desemprego nos Estados Unidos registrou em setembro uma queda surpreendente e ficou no menor nível em seis anos. Além disso, a criação de empregos aumentou, segundo os números divulgados pelo Departamento do trabalho.
No total, 248.000 empregos foram criados no mês passado, e a taxa de desemprego caiu 0,2%, para registrar o índice de 5,9%.
Os analistas previam a criação de 210.000 novos postos de trabalho em setembro, contra 180.000 em agosto. Também acreditam na manutenção da taxa de desemprego em 6,1%.
Com o índice de 5,9%, a taxa de desemprego registra o menor nível desde julho de 2008, quando ficou em 5,8%, no momento de início da crise financeira.
O vigor da criação de empregos parece confirmar que a fragilidade de agosto foi apenas um problema passageiro, sobretudo, porque os números do último mês do verão (hemisfério norte) foram revisados para cima, de 38.000 para 180.000.
Os setores que criaram mais postos de trabalho em setembro foram o comércio (81.000), os serviços de saúde (23.000) e o comércio varejista (35.000).
Em 12 meses, a economia americana criou em média 213.000 empregos por mês, informou Erica Groshen, funcionária do Escritório de Estatísticas do Trabalho.
O número de desempregados teve uma redução de 329.000, ficando em 9,3 milhões. No entanto, o desemprego de longa duração (por mais de seis meses) continua sendo importante e representa 31,9% das pessoas sem ocupação.
O número de trabalhadores de meio expediente por falta de melhores oportunidades retrocedeu para 7,1 milhões contra 7,3 milhões em agosto.
A participação no mercado de trabalho, que inclui pessoas que trabalham e as que estão procurando emprego, diminuiu para 62,7% contra 62,8% da população em idade de trabalhar.
A semana de trabalho aumentou 0,1 hora, ficando em 34,6 horas, enquanto que o salário médio praticamente se manteve igual, em 24,53 dólares a hora, perdendo um centavo, sempre em relação a agosto.
Marcas da crise
"Não tinha certeza de que veríamos uma taxa de desemprego precedida de um dígito '5' durante a administração Obama", declarou ao canal CNBC Jason Furman, que preside o Círculo de Economistas da Casa Branca.
"Ver a taxa de desemprego baixar ao maior ritmo em 30 anos é realmente uma boa notícia", acrescentou.
Essa queda da taxa de desemprego reaviva o debate sobre o calendário para um primeiro aumento das taxas de juros por parte do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, depois de anos de taxas muito baixas.
"Essas cifras devem incentivar o Fed a modificar ao menos sua mensagem de orientação monetária na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (FOMC, na sigla em inglês)", afirmou Sal Guatieri, do BMO Capital Markets.
A próxima reunião do FOMC acontece em 28 e 29 de outubro.
Paul Dales, da Capital Economics, vê nesses dados maiores possibilidades de que o Fed eleve suas taxas em março, em vez de esperar até junho.
Essa reflexão encontrou eco no mercado de câmbio, onde o dólar se fortalecia, e o euro se aproximava da cota simbólica de 1,25 dólar, seu nível mais baixo em dois anos.
Apesar de uma melhoria no mercado de trabalho, não houve aumento de salário.
"Precisamos de um crescimento bem maior dos salários, não há dúvida", resumiu Furman.