"Fevereiro é um mês em que há continuação da dispensa de temporários", frisou Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE (Daniela de Lamare/Gloss)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2012 às 11h53.
Rio de Janeiro - O ligeiro aumento na taxa de desemprego na passagem de janeiro para fevereiro já era esperado, pelo movimento de dispensa de trabalhadores temporários, segundo Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período, a taxa de desocupação da População Economicamente Ativa (PEA) passou de 5,5% para 5,7%. "Fevereiro é um mês em que há continuação da dispensa de temporários, dando continuidade ao movimento de janeiro", frisou Azeredo.
O gerente do IBGE ressalta que, embora a taxa esteja em patamares mínimos para os meses de janeiro e fevereiro, o desemprego só deve começar a cair novamente quando a economia voltar a ficar aquecida. "A economia ainda não está aquecida para voltar a gerar postos de trabalho e absorver essa população desocupada. A taxa vai cair quando a economia se aquecer de novo. Segundo a série histórica da pesquisa, esse processo pode se dar no primeiro ou no segundo trimestre do ano", disse.
Azeredo lembra que a inflexão na taxa de desocupação tem acontecido nos meses de abril ou maio, mas em condições normais. "Se houver crise, pode atrasar (a inflexão da taxa), ou pode acontecer algo na indústria ou no comércio que pode antecipar esse processo", contou.
No entanto, o pesquisador não descarta um novo aumento na desocupação em março, como reflexo das dispensas de trabalhadores temporários após o carnaval e o fim do verão. "Ainda pode acontecer mais dispensas em março, em função de o carnaval ter acontecido no fim de fevereiro", explicou.
Salário mínimo
O aumento de 14% do salário mínimo em janeiro ajudou a turbinar a renda média do trabalhador, que atingiu nível recorde em fevereiro: R$ 1.699,70. Em São Paulo, o rendimento médios dos ocupados foi ainda maior, de R$ 1.813,10. "Foi a primeira vez que a renda na região metropolitana de São Paulo ultrapassou a barreira dos R$ 1.800", notou Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Em São Paulo, o rendimento dos ocupados subiu 5,4% em relação a fevereiro de 2011 e 2,6% ante janeiro de 2012. No País, o aumento da renda média do trabalhador foi de 4,4% em relação a fevereiro do ano passado. Na comparação com janeiro, houve alta de 1,2%. O impacto do salário mínimo já havia sido sentido no mês anterior, mas voltou a aparecer em fevereiro.
"O aumento tem explicação também na dispensa dos trabalhadores temporários no início do ano, que normalmente ganham menos e puxam a média para baixo. Então, com a saída deles, a renda tende a ficar mais alta mesmo", explicou Azeredo. "Entre as categorias que perceberam os maiores aumentos estão as que estão mais indexadas ao mínimo, como comércio e empregados domésticos."
A renda do trabalhador pode voltar a apresentar novas altas nas próximas leituras, já que o impacto do aumento do mínimo costuma chegar com defasagem de um ou dois meses entre os trabalhadores sem carteira assinada. "Os empregados com carteira recebem o reajuste logo que entra em vigor. Já os que são informais dependem da negociação com o empregador. O aumento chega, mas defasado", afirmou o gerente do IBGE.