Desemprego na Espanha: alto nível de desemprego "continua ameaçando a recuperação econômica na UE", explicou Laszlo Andor, o comissário europeu para o Emprego (AFP / Cesar Manso)
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2013 às 15h37.
Bruxelas - A esperança de recuperação do mercado de trabalho na zona do euro foi breve. Com 19,5 milhões de desempregados em setembro, ou 12,2% da população economicamente ativa, em um novo recorde, os dados do verão (no hemisfério norte) foram revisados para cima.
"Essas revisões demonstram que o desemprego não parou de aumentar desde abril de 2011, apesar de o ritmo ter desacelerado", disse Christian Schulz, do banco Berenberg.
"No contexto atual, cabe esperar uma taxa de desemprego estável", prevê Marie Diron, economista da Ernst & Young.
"As empresas não têm muita confiança nas perspectivas de crescimento para criar empregos", explica.
Também é "estimulante constatar que o ritmo de destruição do mercado de trabalho desacelerou de forma significativa durante o verão", disse a economista. No mês de setembro, o bloco registrou 60.000 desempregados a mais. Em um ano esse número chega a 996.000.
O alto nível de desemprego "continua ameaçando a recuperação econômica na UE", explicou Laszlo Andor, o comissário europeu para o Emprego, preocupado, em particular, com os jovens que correm o risco de se transformar em uma "geração perdida".
Sinais de estabilização
O desemprego afeta 24,1% das pessoas com menos de 25 anos em média, mas dispara em países como Grécia (57,3%), Espanha (56,5%), Chipre (43,9%) e Itália (40,4%). No conjunto da zona do euro, 3,54 milhões de jovens estão sem trabalho.
Para evitar que o fenômeno piore, Andor pede aos Estados membros que "ponham em prática urgentemente a Garantia Juvenil", que estabelece uma formação profissionalizante aos jovens nos quatro meses posteriores à conclusão de seus estudos ou à perda de seu trabalho anterior.
Além disso, ele fez um apelo para que os 28 países da União Europeia implementem "políticas de emprego pró-ativas" para melhorar a resistência do mercado de trabalho e a luta contra o desemprego.
A situação piorou substancialmente nos países mais frágeis da Eurozona, onde o desemprego passou de 12,7% a 17,1% no Chipre, e de 25,0% a 27,6% na Grécia.
Na Itália, o desemprego marcou em setembro um novo recorde, atingindo 12,5% da população economicamente ativa, 0,1% a mais do que em agosto, segundo uma estimativa provisória divulgada pelo Instituto Nacional de Estatísticas italiano (ISTAT).
A taxa de desemprego interanual aumentou em setembro 1,6%, indica o comunicado. Esta é a taxa de desemprego mais alta desde a criação das estatísticas mensais (em 2004) e trimestrais (em 1977).
No caso dos jovens de 15 a 24 anos, a taxa de desemprego disparou para 40,4% em setembro, 0,2% a mais do que em agosto.
Já a Áustria lidera a lista de países com menor taxa de desemprego (4,9%), seguida por Alemanha (5,2%) e Luxemburgo (5,9%).
"Há sinais de estabilização em alguns dos países mais submetidos a pressão", disse Howard Archer, economista da IHS Global Insight.
Ele cita o caso de Portugal, que se beneficia de um plano de ajuda financeira desde maio de 2011 em troca de um rigoroso programa de austeridade. Nesse país, o desemprego está diminuindo levemente, de 16,4% em setembro de 2012 para 16,3% no mesmo mês de 2013.
Na Irlanda, que espera pôr fim ao plano de resgate no final do ano, a melhora ainda é mais evidente, com uma taxa de desemprego de 13,6% em setembro frente aos 14,7% de um ano atrás.