Soldados americanos: avaliação é a primeira atualização completa dos custos de guerra feita pela agência desde março de 2011 (Mark Wilson/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2014 às 19h46.
Washington - As guerras no Iraque e no Afeganistão e as operações de antiterrorismo custaram aos EUA um total de US$ 1,6 trilhão desde os atentados de 11 de setembro de 2001, segundo uma nova análise do Serviço de Pesquisa do Congresso.
Até o ano fiscal de 2014, finalizado em setembro, o Congresso aprovou US$ 815 bilhões para a guerra no Iraque, US$ 686 bilhões para a guerra no Afeganistão e outras operações contra o terrorismo, US$ 81 bilhões para outros gastos bélicos e US$ 27 bilhões para a operação Noble Eagle de patrulhas aéreas nos EUA, segundo o relatório publicado no site interno da agência.
O total inclui US$ 297 bilhões gastos na aquisição de armas e reparações de guerra.
A avaliação é a primeira atualização completa dos custos de guerra feita pela agência desde março de 2011. Cerca de 92 por cento das verbas foram destinadas ao Pentágono, seguido pelo Departamento de Estado e pelo Departamento de Questões Referentes aos Veteranos de Guerra.
A cifra inclui operações bélicas, treinamento e equipamento das forças iraquianas e afegãs, operações diplomáticas e assistência médica de americanos feridos nos últimos 13 anos, disse a agência no relatório datado de 8 de dezembro. O número também abrange a maioria dos custos de reconstrução.
“O principal fator na determinação do custo é o número de tropas americanas mobilizadas” em distintos momentos, disse o serviço de pesquisa. As tropas dos EUA no Afeganistão chegaram ao pico de 100.000 soldados em 2011; hoje, contam com 11.600, e a retirada do país continua em andamento.
As cifras incluem o financiamento de inteligência vinculada à guerra que não foi acompanhado nem gasto pelo Departamento de Defesa, segundo o relatório. O número não foi atualizado com os US$ 63,7 bilhões em gastos bélicos do atual ano fiscal com as operações no Afeganistão e com a primeira fase de operações contra Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Custos humanos
A invasão do Iraque – iniciada pela promessa de confiscar de Saddam Hussein armas de destruição massiva que ele não tinha – deixou 4.491 militares e civis americanos mortos e 32.244 feridos, segundo dados do Departamento de Defesa compilados pela Bloomberg.
A invasão dos EUA para destruir o al-Qaeda no Afeganistão e derrubar os talibãs do poder provocou a morte de 2.356 militares e civis americanos e deixou outros 20.060 feridos até 16 de dezembro.
Além disso, 128.496 soldados americanos enviados ao Iraque e ao Afeganistão foram diagnosticados com transtorno de estresse pós-traumático, segundo dados de setembro publicados pelo Sistema de Vigilância Médica de Defesa.
Advertência por custos
Ao contrário das estimativas acadêmicas, que calculam custos totais muito maiores, o Serviço de Pesquisa do Congresso não inclui em seus cálculos os custos da assistência médica vitalícia para veteranos inválidos, os juros considerados sobre o déficit nem os potenciais aumentos do orçamento básico de defesa considerados como consequência da guerra, segundo Amy Belasco, autora do relatório.
“Tais custos são difíceis de computar, pois estão sujeitos a advertências abrangentes e com frequência se baseiam em metodologias que podem não ser adequadas”, escreveu ela.
Uma estimativa dos custos de guerra feita em junho por Neta Crawford, professora de Ciência Política da Universidade de Boston, calculou que o total potencial dos custos das guerras no Iraque e no Afeganistão e da assistência ao Paquistão desde 2001 é de US$ 4,4 trilhões, incluindo US$ 316 bilhões em custos de juros e US$ 1 trilhão até 2054 com assistência aos veteranos.