A mudança deve resultar numa redução da inflação oficial no mês (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2014 às 09h49.
São Paulo - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai mudar o cálculo do item "taxa de água e esgoto" na apuração da inflação em São Paulo, o que pode reduzir a taxa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em até 0,1 ponto porcentual já na divulgação da próxima semana e ajudar o governo a cumprir a meta de inflação no ano.
A equipe da Coordenação de Índices de Preços do órgão usará dados fornecidos pela Sabesp para permitir que os indicadores de inflação apurados captem o efeito dos descontos de 30% na tarifa oferecidos aos clientes que economizaram na conta de água.
A mudança passará a valer já para o IPCA de maio, que será divulgado pelo instituto na próxima sexta-feira.
"Dessa forma, a estimativa da variação do subitem taxa de água e esgoto estará refletindo os efeitos do Programa de Incentivo à Redução de Consumo de Água", comunicou o IBGE, em nota técnica divulgada no site da instituição.
Efeito
A mudança deve resultar numa redução da inflação oficial no mês entre 0,05 e 0,10 ponto porcentual, de acordo com projeção do economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano. Antes da alteração no cálculo, o Besi estimava que a inflação oficial de maio ficasse em 0,43%. Agora, a instituição espera alta de 0,37%.
A mediana das estimativas de analistas do mercado financeiro para o IPCA de maio no Boletim Focus, do Banco Central, era de 0,45% na última Segunda-feira.
"Certamente veremos uma revisão geral por parte do mercado. Provavelmente não no Focus desta segunda-feira (dia 2 de junho). Mas ao longo da semana, as projeções irão mudar", pontuou Serrano, que prevê impacto também no IPCA-15 de junho, a prévia da inflação oficial do mês.
Caso o desconto dado pela Sabesp nas tarifas de água seja mantido até o fim deste ano, também haverá um impacto de baixa no IPCA no fechamento de 2014, o que ajudará o governo a manter a inflação oficial dentro do teto da meta, de 6,5%.
O Besi Brasil, por exemplo, revisaria sua estimava para a inflação no ano de 6,4% para 6,3%. "Quando as tarifas voltarem ao normal, no entanto, haverá um efeito de alta no IPCA", ponderou Serrano.
Em outra nota técnica, o IBGE informou que o cálculo da inflação para a região metropolitana do Rio de Janeiro levará em conta apenas o preço unitário dos subitens "metrô" e "trem", que foram reajustados a partir de 18 de maio deste ano.
A tarifa do metrô aumentou de R$ 3,20 para R$ 3,50, enquanto a do trem passou de R$ 2,90 para R$ 3,20. O desconto nos preços obtido pelos usuários do Bilhete Único não serão considerados para o cálculo da inflação.
O órgão explicou que, no período da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008-2009, que deu origem às atuais estruturas de ponderações dos índices de preços medidos pelo IBGE, o Bilhete Único não existia, tendo sido instaurado pela Lei 5628/09 apenas em 29 de dezembro de 2009.