Céticos advertem que novos casos de corrupção em 2012 envolvendo o governo de Dilma Rousseff podem afetar a popularidade da presidente e até a agenda legislativa (Roberto Stuckert Filho/Presidência)
Da Redação
Publicado em 11 de janeiro de 2012 às 13h51.
São Paulo – Após ter superado o Reino Unido e se tornado a sexta maior economia do mundo em 2011, o Brasil terá neste ano o desafio de evitar o desaquecimento econômico para não perder a confiança dos investidores internacionais. E este será um grande teste, não apenas para a presidente Dilma Rousseff, como também para todos os políticos.
A avaliação é do jornal britânico Financial Times, que classificou Dilma como “A Dama de Ferro dos Trópicos”, uma menção à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, recordando também não apenas os escândalos de corrupção que envolveram seus ministros no ano passado, como ainda a forte popularidade alcançada pela presidente brasileira.
O periódico destaca que, após crescer 7,5% em 2010, a economia brasileira encerrou o ano passado com uma expansão que não chegou nem a metade disso, acompanhada de um aumento da inflação, chamada de "inimiga histórica do país".
“Em 2012, Dilma terá que reavivar a economia e mostrar que o Brasil merece manter sua reputação como um país de alto crescimento dentro do grupo dos BRICs (que inclui ainda Rússia, Índia e China). Caso contrário, a nação corre o risco de perder a confiança dos investidores”, destaca um trecho da reportagem.
O Brasil viu o volume de investimento estrangeiro saltar de 10,1 bilhões de dólares em 2003 para 57,5 bilhões de dólares em 2011. “O panorama é bastante construtivo e as oportunidades estão aí, mas aos poucos eles (políticos brasileiros) estão percebendo que é necessário trabalhar para que isso aconteça”, opinou Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs.
Dilma é capaz?
O jornal britânico traçou um perfil da presidente e destacou que a população se identifica com ela por conta da seriedade de propósitos e do estilo reservado, fator este que têm ajudado Dilma a manter em alta a taxa de aprovação de seu governo (72%), além de amenizar a falta de carisma que possui em comparação ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva, cujo mandato foi de oito anos.
O Financial Times ainda ressalta que a postura de Dilma tem ajudado ela a enfrentar a série de casos de corrupção em 2011, fato este que “teria destruído outros presidentes” em ocasiões passadas. O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, foi o primeiro a cair, seguido pelas pastas da agricultura, transportes, turismo, esporte e trabalho.
“Todos os ministros negaram as acusações. Mas em cada caso, eventualmente, Dilma Rousseff descartou o titular do ministério, algo que o público não está acostumado a ver, já que tais políticos no país costumam superar denúncias deste tipo e se manterem no poder”, diz outro trecho da reportagem.
“Os céticos advertem que a presidente terá que colocar um fim nos escândalos de corrupção neste ano, em meio às preocupações de que eles são prejudiciais a um governo cuja agenda legislativa já está repleta de projetos polêmicos e de tramitação lenta", acrescenta o Financial Times.
O jornal afirma, porém, que "talvez o maior desafio seja devolver a economia aos altos níveis de crescimento". No terceiro trimestre de 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro contraiu 0,04% em comparação aos três meses imediatamente anteriores, e cresceu apenas 2,1% frente a igual período do ano anterior.
"Os economistas argumentam que a rápida desaceleração vem expondo as limitações estruturais da economia brasileira", revela a reportagem que, por sua vez, afirma que “a maioria dos brasileiros ainda não sente a desaceleração, graças a uma taxa de desemprego de 5,2% em novembro, mantida em seus menores níveis históricos, e um aumento recente de 14% no salário mínimo determinado pelo governo”.
“A maioria dos economistas acredita que a desaceleração não é mais do que cíclica, já que a economia brasileira deverá crescer cerca de 3% em 2011 e um pouco mais em 2013. A questão é se o país poderá alcançar taxas de crescimento superiores a 4% ou se registrará a média vista na última década, distanciando-se do pico de 7,5% alcançado em 2010”, conclui.