Dólar: embora os EUA tenham registrado "progressos" mediante a cortes do gasto público, o FMI frisou a necessidade de criação de "um plano integral" (Chung Sung-Jun/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2013 às 13h59.
Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixou um décimo, para 1,9%, sua previsão de crescimento da economia dos Estados Unidos em 2013 e alertou que a persistência dos desacordos políticos sobre o teto da dívida pública poderia gerar um aumento do prêmio de risco do país.
Em seu relatório "Perspectivas Econômicas Globais", publicado nesta terça-feira, o FMI estima que o produto interno bruto (PIB) dos EUA crescerá um 1,9% neste ano, um décimo abaixo da projeção realizada em janeiro, situada na ocasião em 2%.
Em relação à previsão de crescimento para 2014, o organismo manteve o mesmo número divulgado em janeiro, ou seja, em 3%. "A recuperação americana é bastante forte e será mais forte com o passar do tempo", declarou hoje em Washington o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard.
"O desenvolvimento de um marco integral para a redução do déficit a médio prazo continua sendo a principal prioridade política dos Estados Unidos", explicou o FMI em seu relatório.
Embora tenha registrado "progressos" mediante a cortes "discricionais" do gasto público e de "modestos" aumentos de impostos, o FMI frisou a necessidade de criação de "um plano integral", que inclua a reforma tributária e medidas de receitas adicionais, para pôr a dívida pública americana "em um caminho sustentável".
Esse plano, segundo o FMI, deve ser implemento a curto prazo por causa da "frágil recuperação" econômica e da limitada margem de atuação da política monetária.
Em seu relatório, o FMI também abordou a "necessidade" de elevar o teto da dívida dos EUA, atualmente em US$ 16,4 trilhões, e alertou que, se os desacordos em torno deste tema forem mantidos, poderia aumentar o prêmio de risco do país e, por consequência, causaria "efeitos secundários negativos" ao restante do mundo.
Em fevereiro, o presidente dos EUA, Barack Obama, assinou uma lei aprovada pelo Congresso que autorizava o governo a superar o limite de endividamento além do teto e que estendia o prazo para definição de um acordo sobre a redução do déficit até maio.
Essa lei permite que o governo siga se endividando até o dia 19 de maio e, se o Congresso não alcançar um acordo para elevar o teto da dívida antes dessa data, o Departamento do Tesouro terá que recorrer a medidas extraordinárias para atender as obrigações internacionais do país.
Em seu relatório, o FMI lembrou que os Estados Unidos evitaram a ameaça do "abismo fiscal" em janeiro, embora tenha afirmado que o acordo viabilizado na ocasião não ofereceu nenhuma "solução duradoura" para assuntos como o teto da dívida ou os "profundos cortes" do gasto público.
Esses cortes, que entraram em vigor no último dia 1º de março, podem diminuir em 0,3% o crescimento do PIB do país em 2013 se forem mantidos até que o fim do atual ano fiscal (30 de setembro), advertiu o FMI.
De acordo com as perspectivas do FMI, se os cortes forem mantidos até o próximo ano fiscal, o crescimento do PIB em 2013 poderia ser reduzido em outros 0,2%.
Embora os riscos enfrentados hoje pela economia americana sejam "menores" do que os registrados em 2012, o FMI apontou que a principal ameaça continua sendo a possível piora da crise na zona do euro, o que afetaria os acordos comerciais e financeiros entre os EUA e a União Europeia (UE).
O relatório divulgado hoje pelo FMI também aborda a inflação do país, que, por sua vez, seguirá em níveis moderados: 1,8%, em 2013, e 1,7%, em 2014, enquanto o desemprego passará de 7,7% neste ano para 7,5% em 2014.
No último dia 10 de abril, o governo de Obama reduziu suas previsões de crescimento de 3% para 2,3% para 2013, e de 3,6% para 3,2% em 2014, na apresentação de seu projeto orçamentário para o próximo ano fiscal. Já em relação ao desemprego, o governo anunciou que o ano de 2013 deve registrar 7,7% e, em 2014, 7,2%.
Em 2012, o crescimento dos EUA seguiu baixo (2,2 %) devido às consequências da crise financeira, a um frágil contexto externo e às "crises temporárias", como a grave seca e o impacto da tempestade "Sandy".
Apesar disso, o FMI ressalta que a recuperação da economia do país começou a dar sinais encorajadores no início do último ano com um crescimento do crédito, uma maior atividade do setor da construção, a elevação dos preços dos imóveis, a alta na criação de emprego e um fortalecimento da demanda privada.