Economia

Desaceleração nos serviços chineses aumenta incertezas sobre o futuro econômico do país

Com crescimento abaixo do esperado, setor de serviços enfrenta pressão adicional, destacando fragilidades no cenário econômico chinês

Setor de serviços cresceu menos que o esperado na China e preocupa sobre futuro econômico do país.

Setor de serviços cresceu menos que o esperado na China e preocupa sobre futuro econômico do país.

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 4 de setembro de 2024 às 06h46.

A atividade do setor de serviços na China cresceu menos do que o previsto em agosto, conforme divulgado por uma pesquisa privada conduzida pela Caixin e S&P Global, aumentando as preocupações sobre a saúde da segunda maior economia do mundo. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) dos serviços caiu para 51,6 no mês passado, em comparação com 52,1 registrado em julho. Um valor acima de 50 indica expansão, mas a desaceleração aponta para fragilidades em um setor vital para o crescimento.

De acordo com a Bloomberg, os dados somam-se a uma série de indicadores que sugerem um cenário econômico mais complexo e instável. Informações oficiais recentes revelaram que vários serviços, como restaurantes e turismo, quase entraram em retração durante o último mês de verão no hemisfério norte. Essa situação é um reflexo da demanda interna fraca, fortemente pressionada por uma crise imobiliária que se arrasta há meses, afetando a confiança dos consumidores e o dinamismo da economia local.

A fraqueza no setor de serviços surge em um momento em que o governo chinês tenta adotar medidas pontuais para reavivar o consumo doméstico e estimular o crescimento. No entanto, essas ações parecem ainda insuficientes para gerar um impacto significativo no curto prazo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia alertado que os serviços são um "motor subutilizado" do crescimento chinês, contribuindo muito menos para o valor agregado do país do que nas economias avançadas, onde a média é de cerca de 75%.

Expansão tímida

O Escritório Nacional de Estatísticas da China relatou um crescimento marginal na atividade não manufatureira, que inclui construção e serviços, impulsionado pela demanda sazonal durante as férias de verão. No entanto, a pesquisa da Caixin, que foca mais em empresas privadas de menor porte, revelou uma expansão tímida, reforçando a ideia de que a recuperação desse setor está sendo mais lenta do que o esperado.

A economia chinesa, avaliada em cerca de US$ 17 trilhões (R$ 96 trilhões), ainda depende fortemente da performance do setor manufatureiro e das exportações. Entretanto, a produção industrial também enfrenta dificuldades. Em agosto, a indústria do país registrou queda pelo quarto mês consecutivo, um indicador de que o crescimento econômico para o ano pode ficar abaixo da meta oficial de 5%.

O cenário internacional também pesa sobre a recuperação chinesa, com a demanda externa por produtos chineses enfraquecida por incertezas globais, como a inflação elevada em várias economias desenvolvidas e o aumento das tensões comerciais entre China e seus principais parceiros comerciais, como Estados Unidos e União Europeia. Isso coloca ainda mais pressão sobre o governo de Pequim para acelerar os estímulos internos, buscando garantir que o país possa enfrentar os desafios globais sem depender exclusivamente de suas exportações.

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