Economia

Desaceleração de classe média afetará expansão na AL

Estudo afirma que a "desaceleração no crescimento da classe média deve ter impacto econômico amplo, mas deverá afetar especialmente determinadas indústrias"


	Relatório classificou a camada social média como "o motor do crescimento" na região latino-americana
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Relatório classificou a camada social média como "o motor do crescimento" na região latino-americana (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 15h35.

São Paulo - A desaceleração do crescimento da classe média afetará a expansão dos principais países latino-americanos em 2015, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira pela agência de classificação de risco Moody"s, no qual México e Colômbia conseguiram as melhores perspectivas.

O relatório "Desaceleração no crescimento da classe média da América Latina, redução nas perspectivas para o varejo, bancos e construtoras", divulgado em Nova York e São Paulo, classificou a camada social média como "o motor do crescimento" na região latino-americana.

O estudo afirma que a "desaceleração no crescimento da classe média provavelmente terá um impacto econômico amplo, mas deverá afetar especialmente determinadas indústrias", como a automotiva e a da construção imobiliária.

"Esperamos, com exceção da Argentina, uma subida econômico igual ou superior a de 2014", disse à Agência Efe Gersan Zurita, vice-presidente sênior da Moody"s e coautor do relatório.

No entanto, Zurita apontou que o crescimento será inferior ao registrado no ciclo 2004-2013 nos seis países analisados no relatório: Brasil, México, Colômbia, Argentina, Chile e Peru.

"No Brasil, por exemplo, o país teve em 2015 um crescimento de 1%, que é quase um quarto da média de crescimento entre 2004 e 2013", que foi de 3,7%, e um pouco mais do 0,7% calculado para 2014, afirmou.

Para Zurita, o resultados das eleições, com uma possível continuidade do governo da presidente Dilma Rousseff ou a chegada ao poder de Marina Silva, não alterará o quadro para 2014, que não terá uma alta significativa do crescimento.

"Independente de quem ganhar as eleições", comentou o analista, o governo brasileiro terá que enfrentar o "impacto negativo" das políticas "acertadas" que foram adotadas para o controle inflacionário, como a alta dos juros de 7,5% para 11%.

Com um crescimento menor da classe média, afirmou Zurita, a expansão do próximo ano na maioria desses países "não será pelo fator de consumo, mas mais pelo estímulo dos gastos públicos, principalmente em infraestrutura".

"A desaceleração afetará os países emergentes e a América Latina não será a exceção, mas por razões diferentes", acrescentou.

De acordo com o relatório, só o México conseguirá em 2015, com um crescimento projetado de 3,2%, superar o desempenho de 2014 (2,2%) e do período 2004-2013 (2,6%).

As reformas econômicas "bem conduzidas" e a "aceleração econômica dos Estados Unidos", seu principal parceiro comercial, foram apontados no relatório como os pilares para as projeções favoráveis da expansão da economia mexicana.

A Colômbia, de acordo ao relatório, crescerá 4,8% em 2015, um pouco mais do que o 4,7% deste ano e o mesmo índice do período 2004-2013, com um "consumo estável", apesar do ajuste nas políticas monetárias para conter a "disparada" dos preços dos imóveis no país.

Os demais países, com exceção do caso argentino, terão em 2015 uma expansão moderada em relação a 2014, mas o avanço estará abaixo da média que obtiveram entre 2004 e 2013.

Sobre a Argentina, o relatório ressaltou que é o país "sob maior risco" dos seis analisados e, com uma "inflação descontrolada, taxas de juros elevadas e uma recessão dolorosa", o consumidor se viu obrigado neste ano a reduzir suas despesas "de forma drástica" e o crédito foi reduzido de 20% para 30%.

No caso do Peru, que teve grande expansão nos últimos anos, o crescimento passará de 4,1% em 2014 para 5,8% em 2015, mas o número é inferior ao 6,6% da média entre 2004 e 2013.

"Em 2015, teremos uma expansão no Peru impulsionada pela infraestrutura da indústria mineradora", explicou Zurita.

No Chile, espera-se um crescimento de 3,2% para o próximo ano, superior ao 2% de 2014, mas distante do 4,7% do período 2004-2013 e, por isso, de acordo ao relatório, se prevê um "estímulo" por parte do governo chileno para incentivar o consumo.

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