Exportações: em 2015, a exportação de bens e serviços cresceu 6,1%, enquanto a importação recuou 14,3% (.)
Da Redação
Publicado em 3 de março de 2016 às 12h04.
Rio - A alta do dólar ante o real em 2015 ajudou o setor externo a dar a primeira contribuição positiva para o PIB brasileiro em dez anos.
O impacto foi de 2,7 pontos porcentuais, segundo as Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A última vez que o comércio exterior ajudou o desempenho da atividade econômica foi em 2005, com impacto de 0,6 ponto porcentual.
"Claro que tivemos impacto da desvalorização cambial de 42% no ano. E aí tivemos o volume da exportação de bens e serviços que cresceu, e a importação diminuiu", explicou Rebeca Palis, coordenadora das Contas Nacionais no IBGE.
Em 2015, aumentaram as exportações da indústria extrativa mineral (petróleo e minério de ferro), agricultura (soja e milho), siderurgia e veículos automotores.
Na direção oposta, encolheu a importação de máquinas e equipamentos, veículos automotores, petróleo e derivados, equipamentos eletrônicos e gastos de brasileiros com viagens no exterior.
"Essa contribuição positiva do setor externo não ocorria desde 2005, quando foi de 0,6 ponto porcentual. Depois só tivemos contribuições negativas. Ou seja, o volume da importação foi maior que o da exportação esse período todo", acrescentou a pesquisadora do IBGE.
Em 2015, a exportação de bens e serviços cresceu 6,1%, enquanto a importação recuou 14,3%.
Apesar do impacto positivo, o PIB ainda recuou 3,8% no ano, por conta da demanda interna, que contribuiu negativamente com 6,5 pontos porcentuais.
"A demanda interna contribuiu negativamente. Caiu o consumo do governo, das famílias e os investimentos", lembrou Rebeca.
O impacto da demanda interna no PIB não era negativo desde 2003, quando ficou em -0,5 ponto porcentual. O resultado de 2015 foi ainda o mais negativo da série histórica, iniciada em 1996.
Indústria extrativa
A queda nos preços do petróleo e do minério de ferro em 2015 reduziram o peso da indústria extrativa no PIB brasileiro. A fatia do setor encolheu de 3,8% em 2014 para 2,1% em 2015, segundo o IBGE.
"Foi a atividade econômica que mais cresceu em 2015, mas perdeu peso por causa dos preços, tanto do minério quanto do petróleo. Como os preços despencaram, (a indústria extrativa) perdeu peso na economia", explicou Rebeca Palis.
A extrativa mineral cresceu 4,9% em 2015, o melhor desempenho entre os subsetores da economia ante o ano anterior. "Cresceu em volume", justificou Rebeca.
Por outro lado, a produção e distribuição de eletricidade, gás, água e esgoto recuou 1,4% no ano passado, mas teve o maior aumento de participação no PIB.
A fatia do setor aumentou de 1,9% em 2014 para 2,8% do PIB em 2015, a reboque da elevação da tarifa de energia elétrica.
"Produção de eletricidade, água e esgoto foi a (atividade) a que mais cresceu no ano, por causa do aumento na tarifa de energia elétrica. Aumentou o peso da atividade dentro da economia, dentro da indústria", disse a coordenadora do IBGE.