Henrique Meirelles: o ministro afirmou a expectativa de que o PIB voltará a ter, na margem, leve crescimento no primeiro trimestre de 2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de abril de 2017 às 18h33.
São Paulo - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta terça-feira, 4, que o endividamento das empresas, um dos maiores obstáculos à retomada do crescimento, vem caindo substancialmente desde o segundo semestre do ano passado.
Da mesma forma, ele comentou, durante discurso em fórum promovido pelo jornal britânico Financial Times e pelo escritório de advocacia norte-americano Paul Hastings, que o avanço da dívida das famílias começa a ser revertido.
Com isso, disse o ministro, as empresas e os consumidores começam a voltar a tomar crédito, assim como os bancos, com menor percepção de risco, voltam a emprestar.
"A desalavancagem levou à demora na recuperação", disse o ministro, ao explicar por que a atividade está levando tempo para reagir, apesar das medidas estruturais anunciadas pelo governo.
"Muitos tiveram dificuldade de entender por que não há recuperação rápida após as medidas", assinalou.
Durante o evento, Meirelles reafirmou a expectativa de que o PIB voltará a ter, na margem, leve crescimento no primeiro trimestre de 2017, chegando ao último trimestre do ano com crescimento de 2,7% em relação a igual período de 2016.
A expectativa do titular do Ministério da Fazenda é que a economia entre 2018 crescendo num ritmo de 3,2% em termos anualizados.
Normalidade
Meirelles disse que a economia brasileira começa a voltar a seu funcionamento normal.
Durante o discurso no evento ele citou a queda maior do que se antecipava da inflação como exemplo da volta à normalidade da economia brasileira.
O ministro disse que a desaceleração dos preços é natural num cenário de alta ociosidade da economia, como acontece no momento.
O quadro de maior previsibilidade nos fundamentos econômicos, conforme destacou o ministro, aumenta a segurança dos investidores.
Durante o evento, o ministro reforçou a visão do governo de que a atividade econômica voltou a crescer na margem - ou seja, na comparação com o quarto trimestre de 2016 -, ainda que com leve alta.
Ele comentou ainda que as reformas microeconômicas, favorecendo a produtividade da economia, e macroeconômicas, caso das mudanças nas regras da aposentadoria, permitirão maior estabilidade econômica.
"O governo está tomando os passos necessários para assegurar a estabilidade econômica", disse Meirelles, acrescentando que, com o fim da instabilidade fiscal, onde está a raiz das crises da economia brasileira, o País passará a ter ciclos mais longos de crescimento.
Sobre esse tema, ele frisou que o tamanho do Estado na economia, atualmente em 20% do PIB, cairá para 15% em dez anos por conta do novo regime fiscal, que estabelece um teto aos gastos públicos primários.
Não fosse a medida, as despesas do governo chegariam a 25% no prazo de uma década.