Economia

Delfim Netto: é viável Selic chegar a 9% em 2012

Para o ex-ministro da Fazenda, o Banco Central vai manter o movimento de redução dos juros no próximo ano, com diminuição da inflação

Delfim também disse que a presidente Dilma Rousseff, até o fim do seu governo, em 2014, deve fazer com que a taxa de juros real atinja uma marca de 3% (Germano Lüders/EXAME)

Delfim também disse que a presidente Dilma Rousseff, até o fim do seu governo, em 2014, deve fazer com que a taxa de juros real atinja uma marca de 3% (Germano Lüders/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2011 às 14h49.

O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto disse hoje em entrevista exclusiva à Agência Estado, que "é perfeitamente viável" que a Selic chegue a 9% em 2012, cenário que já está sendo vislumbrado por algumas instituições financeiras, como o Itaú Unibanco e Templetom, por exemplo. "Isso é possível sim, pois o objetivo do governo é que o juro real fique muito próximo da taxa (descontada a inflação) internacional", afirmou Delfim. "Isso é importante para permitir a plena funcionalidade do sistema de câmbio flutuante, pois com o juro muito alto há uma propensão muito forte de a moeda se valorizar."

Delfim pondera que o Banco Central vai manter o movimento de redução da Selic no próximo ano, pois a inflação continuará baixando e deve atingir o centro da meta de 4,5% em 2012. "O presidente do BC, Alexandre Tombini, é muito competente e o mercado está descobrindo isso agora. Tombini conhece o sistema de metas de inflação como poucos", afirmou. "A redução de juros a partir de agosto foi importante pois, para fazer a inflação convergir à meta de 4,5% em 2011, seria preciso provocar uma recessão extraordinária no País, o que poderia levar a uma queda do PIB neste ano de 3%."

O ex-ministro também disse que a presidente Dilma Rousseff, até o fim do seu governo, em 2014, deve fazer com que a taxa de juros real atinja uma marca de 3%, como indicou durante a campanha eleitoral de 2010. "Tal fato é fundamental, pois ajuda a corrigir uma das principais anomalias estruturais da economia brasileira, a taxa de juros excessivamente alta, que provoca diversas distorções, como o câmbio muito apreciado".

Em sua avaliação, o Produto Interno Bruto (PIB), em 2011, deve crescer de 3% a 3,2% para avançar de 3,5% a 4% em 2012. "Acho difícil o País expandir entre 4,5% e 5% no próximo ano como prevê a Fazenda, pois houve uma desaceleração do nível de atividade que deve apresentar no final deste ano um incremento de apenas 2,5%", afirmou. E completou: "Se crescer 4% no próximo ano, já será uma vitória, pois o mundo está numa situação ruim, sobretudo a Europa."

Câmbio

Em relação ao câmbio, Delfim Netto avalia que o dólar tende a oscilar entre R$ 1,75 e R$ 1,80 em 2012. "Como a crise internacional deve perdurar por alguns anos, a volatilidade do câmbio será registrada também no ano que vem", afirmou.


Ele diz que há forças antagônicas na economia internacional que devem se equilibrar no próximo ano. "Há a depreciação do dólar em relação a diversas moedas no mundo. Além disso, como a economia brasileira está crescendo, o câmbio também se fortalece. Isso é natural", destacou. "Por outro lado, existe o movimento de queda dos juros, que colabora para diminuir a valorização do real ante o dólar."

Com o avanço da crise internacional, o ex-ministro ressaltou que as exportações e as importações devem cair no próximo ano, com queda também dos "termos de troca" do Brasil. Ele não fez previsões sobre quanto deve chegar o superávit comercial em 2011 e no próximo ano. "Tudo isso é chute", disse.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralDelfim NettoEconomistasEstatísticasGoverno DilmaIndicadores econômicosInflaçãoJurosMercado financeiroPrevisões para 2012Selic

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo