Dinheiro: antes, defender valorização do salário mínimo nacional, definido em lei, era questão "moral". Hoje, contexto é outro, explica Nakano (Dado Galdieri)
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2014 às 10h36.
Rio - Hoje, mais do que no passado, seria viável discutir uma revisão na política de valorização do salário mínimo e sua desvinculação dos gastos sociais do governo, como aposentadorias e pensões, afirmou na tarde desta quarta-feira, 7, o economista Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP/FGV).
"É politicamente viável desvincular salário mínimo de gastos sociais? É muito mais fácil do que no passado", afirmou Nakano, na abertura de seminário sobre salário mínimo, organizado pela EESP/FGV, no Rio, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).
Nakano lembrou que, há cerca de dez anos, o salário mínimo girava em torno de US$ 60,00. Hoje, está em US$ 300,00.
Antes, defender a valorização do salário mínimo nacional, definido em lei, era uma questão "moral". Hoje, o contexto é outro, explica Nakano.
Segundo o economista, é preciso discutir o tema justamente por causa da vinculação do salário mínimo com os gastos sociais do governo.
Se o valor do salário crescer no mesmo ritmo do Produto Interno Bruto (PIB), a tendência é os gastos sociais no Orçamento crescerem como proporção do PIB, pois o envelhecimento da população ampliará a população atendida.
Como é contra a elevação da carga tributária, Nakano defende a desvinculação.
"Poderia haver uma regra informal de reajustar o salário mínimo de acordo com o PIB de 3 anos. E aumentaria de acordo com a produtividade geral da economia", disse o economista.
Organizado pelos pesquisadores Nelson Barbosa, da EESP/FGV, e Samuel Pessôa, do Ibre/FGV, o seminário vai até amanhã no Rio, debatendo os impactos do salário mínimo no mercado de trabalho, na distribuição de renda, na inflação e nos gastos do governo.
O tema promete estar no centro da campanha eleitoral deste ano.