Economia

Davos se dividirá entre protecionismo dos EUA e cooperação

Fórum Econômico Mundial terá início na próxima semana na Suíça

Fórum de Davos: evento, realizado entre os próximos dias 23 e 26 de janeiro, será aberto pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi (Ruben Sprich/Reuters)

Fórum de Davos: evento, realizado entre os próximos dias 23 e 26 de janeiro, será aberto pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi (Ruben Sprich/Reuters)

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EFE

Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 06h58.

Genebra - O Fórum Econômico Mundial, que terá início na próxima semana em Davos, na Suíça, viverá uma situação inusitada: de um lado, defenderá soluções comuns para os desafios enfrentados pelo mundo, e, de outro, dará espaço às políticas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Ninguém, nenhuma pessoa, nenhum país pode enfrentar sozinho os múltiplos desafios que estão na agenda global. Precisamos de um esforço colaborativo", disse em entrevista coletiva Klaus Schwab, fundador e presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial.

O evento, realizado entre os próximos dias 23 e 26 de janeiro, será aberto pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

A defesa da cooperação internacional em temas de interesse comum, como a segurança global, o meio ambiente e a economia entra em choque com o lema "America First" (EUA em primeiro lugar) de Trump, que quer priorizar as indústrias e trabalhadores americanos.

A mensagem protecionista de Trump não deve ser bem recebida pela elite de Davos, que já criticou a posição do presidente americano durante a campanha de 2016. Além disso, ela contrastará com outros discursos que serão feitos no evento por outros líderes mundiais, como o presidente da França, Emmanuel Macron.

Também falarão no plenário central do Fórum Econômico Mundial o presidente da Argentina, Mauricio Macri, e os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, e da Itália, Paolo Gentiloni. O presidente Michel Temer discursa no evento no próximo dia 24.

Apesar disso, Schwab destacou que nenhum problema regional pode ser resolvido de maneira isolada, sobretudo por causa da existência de uma "crise social", resultado das crises financeira e econômica iniciada em 2008, das quais só agora o mundo começa a se recuperar.

Por tudo isso, o tema do Fórum Econômico Mundial neste ano será "Criar um futuro compartilhado em um mundo fraturado". Pensarão sobre a questão cerca de 3 mil participantes de mais de 110 países.

O eixo central do evento será o futuro da cooperação global no comércio, no meio ambiente, nos sistemas fiscais, na competitividade e na luta contra o terrorismo.

"Nesse contexto é absolutamente essencial ter o presidente Trump conosco em Davos", destacou Schwab.

Ainda é uma incógnita se Trump surpreenderá os presentes em Davos, mas a organização espera que os líderes se ajustem ou até "abracem" o tema da reunião anual, de acordo com o presidente do Fórum Econômico Mundial e ex-ministro de Relações Exteriores da Noruega, Borge Brende.

Apesar disso, se antecipando ao discurso crítico de Trump em relação à organização, Brende quis deixar claro que o Fórum Econômico Mundial defende uma globalização equitativa e justa.

"O crescimento tem que ser inclusivo, criar empregos e ser sustentável. Os líderes querem que líder da maior economia mundial compartilhe sua visão sobre a economia global", disse Brende.

O ex-chanceler norueguês também pediu que o foco do evento não fique sobre Trump, já que Davos receberá outros 69 chefes de Estado e governo, protagonistas diretos ou indiretos de muitos temas políticos e econômicos da atualidade.

Serão observados com especial atenção, por exemplo, os discurso da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, e do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em plena negociação sobre o "Brexit", a saída dos britânicos da União Europeia.

Schwab destacou que, neste ano, o Fórum Econômico Mundial será "muito europeu", com a presença de praticamente todos os líderes dos ainda 28 países-membros da UE. No entanto, Davos também receberá um "número sem precedentes", segundo o fundador da organização, de governantes latino-americanos, seis no total.

Além de Temer, estarão no evento os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, da Colômbia, Juan Manuel Santos, da República Dominicana, Danilo Medina, do Panamá, Juan Carlos Varela, e a primeira-ministra do Peru, Mercedes Aráoz.

Outros que já confirmaram presença são o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif.

Estarão pela primeira vez em Davos os presidentes de Angola, João Lourenço, do Zimbábue, Yemi Osinbajo, e o vice-presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que foi recentemente eleito como sucessor do presidente do país, Jacob Zuma, no comando do partido governista Congresso Nacional Africano.

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