Economia

Dados trimestrais do PIB devem indicar recuperação frágil, dizem analistas

Fatores como a greve dos caminhoneiros e a incerteza eleitoral levaram economistas a revisar para baixo suas projeções para 2018

A estimativa média de 24 analistas consultados é de expansão do PIB de 0,3% em relação ao último trimestre de 2017, quando tinha crescido 0,1% (Thinkstock/Thinkstock)

A estimativa média de 24 analistas consultados é de expansão do PIB de 0,3% em relação ao último trimestre de 2017, quando tinha crescido 0,1% (Thinkstock/Thinkstock)

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AFP

Publicado em 29 de maio de 2018 às 13h56.

Os dados de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre devem confirmar nesta quarta-feira (30) a fragilidade da saída da recessão. A greve dos caminhoneiros e a incerteza eleitoral levaram economistas a revisar novamente para baixo suas projeções para 2018.

A estimativa média de 24 analistas consultados pelo jornal Valor Econômico é de expansão do PIB de 0,3% em relação ao último trimestre de 2017, quando tinha crescido 0,1%.

Embora mostre um avanço, o número é bem menor que o 1% esperado no começo do ano, porque desde então "indicadores antecedentes mostram uma perda de ritmo no crescimento", explica Mauro Rochlin, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), uma prévia dos dados do PIB, publicados pelo Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), recuou 0,13% no primeiro trimestre.

O governo do presidente Michel Temer reduziu, neste mês, de 2,97% para 2,5% sua previsão de crescimento em 2018. O mercado também cortou a sua, na semana passada, de 2,5% para 2,37%, indica a pesquisa Focus realizada pelo Banco Central.

A perda de força da economia brasileira, que cresceu 1% em 2017 após dois anos de recessão, reflete, segundo Rochlin, "a baixa confiança na recuperação relacionada com nosso cenário político, muito incerto".

O economista André Perfeito, da consultoria Spinelli, também atribuiu a lentidão ao baixo impacto do ciclo de 12 cortes da taxa básica de juros, a Selic, que foi de 14,25% em outubro de 2016 aos 6,5% atuais.

"Os juros não caíram para o consumidor final como a gente imaginava", lamenta o analistas, que prevê crescimento trimestral nulo.

Impacto dos bloqueios

A desaceleração deve se agravar no segundo trimestre, depois da greve dos caminhoneiros que há nove dias provoca desabastecimento de combustível e alimentos em todo o país.

"Estamos preocupados com impactos na população. A continuidade do processo é altamente preocupante porque pode afetar diversos setores da economia", afirmou na sexta-feira passada o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

Nos meio econômicos, espera-se um crescimento do PIB abaixo de 2% neste ano. Perfeito acredita que será de 1,6%.

Mas o consultor opina que o país tem a capacidade de superar a conjuntura, já "que não estamos com crise no setor externo e a inflação está relativamente sob controle".

"Não temos um problema econômico, mas um problema político, e a boa notícia é que está próxima a eleição" para resolver isso, acrescenta.

Esta terça-feira trouxe um alívio, com o anúncio do primeiro recuo em quatro meses da taxa de desemprego, que caiu dois décimos, a 12,9%, em abril. Contudo, 13,4 milhões de pessoas ainda sofrem com o desemprego.

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