Presidente da AEB também destacou a queda do peso dos embarques brasileiros em relação ao total das exportações mundiais de produtos manufaturados (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2014 às 16h33.
Rio de Janeiro - O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, atribuiu o baixo nível das exportações industriais aos elevados custos de produção no país.
Em um pronunciamento na 33ª edição do Encontro Nacional de Comércio Exterior, que começou nesta quinta-feira no Rio de Janeiro, o líder empresarial afirmou que os principais empecilhos da indústria brasileira são a elevada carga tributária, o custo de pessoal, a logística e um investimento desintegrado que faz com que os países "pensem duas vezes" antes de investir no país.
Outro dos fatores apresentados por José Augusto foi o da taxa de câmbio do real, a qual considera que deve ser "neutra" e não deve favorecer nem a importação nem a exportação, e "muito menos" servir para controlar a inflação.
O presidente da patronal dos exportadores também destacou a queda do peso dos embarques brasileiros em relação ao total das exportações mundiais de produtos manufaturados e disse que 14 dos 15 maiores exportadores do planeta são deste tipo de produtos.
"Deve ser um bom negócio", afirmou José Augusto em relação aos bons resultados proporcionados pela indústria manufatureira à balança comercial desses países.
Quanto aos objetivos do Brasil, neste sentido, destacou a necessidade da redução de custos como "fundamental" para que a indústria recupere competitividade no mercado internacional e também falou da urgência de um trabalho conjunto com o governo para conseguir essas metas.
No ato também esteve presente o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, indicando que a baixa produtividade do país se deve principalmente a dois problemas.
Em primeiro lugar destacou o baixo investimento produtivo acumulado, segundo ele "muito inferior em relação ao dos países desenvolvidos e ao dos emergentes", e em segundo a baixa capacitação dos trabalhadores, afastada das necessidades da economia.
Segundo o ministro, o Brasil arrasta estas deficiências "desde a crise de 1980" e são as que explicam que o país só tenha 20% da produtividade dos Estados Unidos.
O Brasil teve em julho um superávit na balança comercial de US$ 1,575 bilhão, frente ao resultado positivo de US$ 2,365 bilhões registrado em junho, mas o saldo de 2014 continua negativo, de acordo com o balanço divulgado pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio na semana passada.