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Da Redação
Publicado em 24 de março de 2011 às 10h45.
O governo cubano e a Petrobras negociam a exploração de petróleo no Golfo do México. A sondagem sobre a capacidade e a qualidade da reserva ainda está em análise pela empresa Repsol YPF, mas como a Petrobras detém a melhor tecnologia para a exploração do óleo em águas profundas, Cuba conversa com a empresa brasileira.
Segundo Jorge Lezcano Perez, embaixador de Cuba no Brasil, as negociações apenas começaram, mas já se sabe que a operação não custará menos que 30 milhões de dólares. O investimento ficaria por conta e risco da companhia. A primeira operação que a Petrobras realizou com Cuba, há 3 anos, malogrou depois de consumir 15 milhões de dólares em investimentos.
A reserva explorada no centro do país não tinha o potencial previsto. A área internacional da Petrobras disse ainda não ter recebido a proposta oficial.
Mas Cuba não quer apenas firmar mais um contrato com uma companhia no Brasil. O governo deseja ampliar os laços comerciais com o país - e está aberto a alternativas. Na sua pauta de negociação está a troca de tecnologia, a formação de joint-ventures e até mesmo o investimento direto (de ambas partes, tanto de cubanos no Brasil, quando de brasileiros em Cuba).
A vontade de ampliar os negócios é tanta que o país prepara a realização de uma feira no Brasil, a ExpoCuba. O evento ocorre de 7 a 14 de abril, no Centro de Convenções Pompéia, em São Paulo. Vai reunir cerca de 30 representantes de 50 empresas cubanas. Será a segunda edição da mostra. A primeira ocorreu no México, no ano passado.
Negociações diretas com países e suas empresas - e principalmente com blocos econômicos, como o Mercosul - são as bases para a aproximação comercial na América. A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não nos interessa , diz o embaixador cubano.
Uma terceira edição da ExpoCuba está sendo acertada com o governo de Goiás. Parte do interesse em relação ao estado leva em conta o seu pólo farmacêutico.
O governo cubano trata com especial atenção negócios ligados à biotecnologia, à produção de vacinas e à fabricação de medicamentos genéricos. Entre as poucas empresas cubanas que já tenta se instalar no Brasil esta o laboratório Labiofam, que vem negociando com os governos dos estados do Amazonas, Acre e Santa Catarina parcerias para construir uma fábrica de larbicidas (susbstâncias que combatem mosquitos da dengue e da malária).
Também estão na pauta cubana para o Brasil negociar contratos comerciais e trocas de tecnologia com indústrias açucareiras (carro chefe da economia cubana), empresas ligadas à pesca e à agricultura. O turismo, hoje um dos propulsores para a atração de capital, especialmente dólares, é outra atividade que o país pretende vender para os brasileiros.
A natureza dos contratos com as empresas estrangeiras, porém, costuma ser negociada caso a caso. Apesar da lei de investimentos de Cuba abrir a possibilidade para a instalação de empresas estrangeiras na ilha com 100% de capital privado, o governo costuma ser criterioso, privilegiando as parcerias que lhe permitam controlar ou dividir a gestão dos negócios. O maior exemplo está na joint-venture firmada com a canadense Sherrit para a exploração do níquel cubano.
O governo tem 50% da empresa responsável pela extração do minério em Cuba, 50% da planta industrial no Canadá que refina o níquel e também recebe 50% dos resultados da comercialização.
O maior parceiro comercial de Cuba é a União Européia. Espanha lidera os investimentos diretos no país. Cerca de 25% das 800 empresas estrangeiras instalas na ilha são espanholas. As trocas comerciais com o Brasil cresceram nos últimos anos, mas ainda são pequenas.
No ano passado, as compras de Cuba totalizaram 73,9 milhões de dólares e concentraram-se na aquisição de alimentos e maquinários em geral. As vendas para o Brasil, que somaram 14,1 milhões de dólares, foram lideradas pelas remessas de níquel, de medicamentos e de um dos símbolos do país: charutos.