Escultura em homenagem ao Euro na frente do BCE, em Frankfurt (Alex Domanski/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2012 às 19h40.
São Paulo - Para Michel Barnier, Comissário para o Mercado Interno e Serviços Financeiros da União Europeia, o bloco está tomando boas decisões para enfrentar a crise. “Não estamos mais no prólogo, nem chegamos ao epílogo da nossa crise, mas estamos no caminho da saída, tendo passado pelo ponto crítico”, afirmou, durante o seminário “O Euro e a União Financeira e econômica europeia”, realizado hoje na BM&F Bovespa.
“Não subestime a reforma que está em curso agora na Europa para a sua unidade e a sua força do ponto de vista monetário e financeiro. Não subestime o esforço que estamos fazendo”, disse. O Comissário defendeu que não se pode subestimar a capacidade de retomada econômica quando existe confiança.
Barnier espera que um sistema de supervisão integrada na Zona do Euro seja decidido para 2013. A ideia é que a proposta seja feita por etapas, primeiro para os bancos maiores e depois para os outros. “A prevenção é menos cara que a reparação, mas a reparação preparada sempre custa menos que uma improvisada”, disse.
A promessa é que nenhum produto financeiro escape de uma supervisão eficaz, exercida pelo Banco Central Europeu. Barnier lembrou também que a Europa pode explorar melhor o mercado único, que permite a livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais. “Esse mercado é nossa grande chance", disse.
“Acho que tomamos as decisões corretas para enfrentar as crises e sair delas de forma mais fortalecida que antes”, afirmou o Comissário, reconhecendo, no entanto, que algumas medidas deveriam ter sido tomadas antes, entre elas, a supervisão financeira.
A União europeia caminha para construir uma zona do euro mais forte, segundo o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, o que poderá causar surpresa e “um euro a médio e longo prazo mais forte do que muita gente supõe”, afirmou.
Mesa redonda
Parar Barnier, o Brasil tem um papel na “mesa redonda internacional” e está lá como um dos protagonistas que vai construir a nova ordem mundial, enquanto na Europa, a situação é diferente. Nenhum país europeu, mesmo a Alemanha, não tem condições de, sozinho, estar sentado nessa mesa como grande protagonista global para os 30 ou 60 anos futuros”, afirmou. Para Barnier, a Europa precisa estar presente como grupo.
“Não temos nenhuma lição a dar para ninguém, no passado tivemos certas tentações de dar nossas ideias, mas isso é passado”, disse Barnier. O comissário destacou que a Europa não quer ser uma nação, mas é uma comunidade, a união de 27 países, em breve, de 28.
Origem da crise
Barnier afirmou que a origem das dificuldades está ligada à crise financeira que veio dos EUA há 5 anos. “Essa crise cortou o crescimento por causa do comportamento irresponsável por parte de certo numero de bancos e banqueiros, que achavam que poderiam fazer qualquer coisa. A quem havia sido permitido fazer qualquer coisa”, disse.
O efeito dominó da crise teria acentuado a crise europeia, segundo Barnier. “Raramente na história dos últimos 60 anos da União Europeia tivemos que enfrentar tantas crises ao mesmo tempo, a financeira, a da dívida soberana, a pane de crescimento, dificuldades econômicas e políticas e tudo isso num contexto social bem instável”, disse.
Amanhã, Barnier irá se encontrar com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega.