Economia

Crise faz governo evitar previsão para balança comercial

Governo vai esperar as consequências da crise no primeiro trimestre para fazer suas estimativas para 2012

O saldo positivo da balança comercial brasileira cresceu 50# em 2011 (Germano Lüders/EXAME.com)

O saldo positivo da balança comercial brasileira cresceu 50# em 2011 (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2013 às 19h21.

Brasília – O próximo trimestre será decisivo para que o país defina as estimativas de desempenho da balança comercial em 2012, diante do cenário de crise da economia internacional, de acordo com a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento (MDIC), Tatiana Prazeres. As incertezas em relação aos efeitos da crise nos países da Europa e nos Estados Unidos impediram que o ministério fizesse a previsão para o ano, que é sempre anunciada em janeiro.

A secretária analisou o desempenho da pauta de exportações e de importações brasileiras em 2011 e as perspectivas para este ano, hoje, em entrevista ao programa Brasil em Pauta, da EBC Serviços.

Apesar do desempenho da balança comercial ter sido positivo no ano passado, o Brasil quer reforçar a política de promoção comercial com os parceiros tradicionais, antecipando-se aos possíveis efeitos da crise. Ao mesmo tempo, deverá ser intensificada a busca por novos parceiros não tradicionais na Ásia, África, América do Sul e também países do Leste europeu que ficam fora da zona do euro e estão com desenvolvimento marcante.

Em 2011, a balança comercial acumulou saldo comercial de US$ 30 bilhões, 50% acima do resultado de 2010, mas a secretária considera que poderia ter sido melhor se o quadro no exterior estivesse diferente.

Segundo Tatiana, o governo deverá tomar medidas pontuais, ampliando a desoneração para as exportações, aumentando o crédito e procurando atrair para o mercado exportador empresas que ainda estão fora desse comércio.

Essa arrancada comercial, conforme a secretária, já começou em dezembro, com o lançamento do Programa Reintegra, que restitui ao exportador 3% do valor exportado. O ministério vai intensificar as ações do Plano Nacional sobre a Cultura Exportadora, lançado no ano passado, e que vai se integrar aos planos estaduais para trazer à pauta de exportações produtos ligados à vocação de cada região e que ainda não são conhecidos internacionalmente.

Na avaliação da secretária de Comércio Exterior, o aumento das importações, verificado nos últimos anos, é positivo, ao contrário das opiniões de economistas. Para ela, o fenômeno resulta em aumento da competitividade da indústria brasileira, trazendo valor agregado ao que é produzido no Brasil e também a redução de custos.

Tatiana também destacou a promoção comercial de marcas brasileiras no exterior, o que é feito por meio de missões comerciais, feiras, rodadas de negócios e também com a atração de missões compradoras ao Brasil para visitas a empresas, indústrias e a associações setoriais.

A facilitação de crédito e melhora de logística para empresas de menor porte, que podem exportar por meio dos Correios, a possibilidade de escoar produtos por meio de empresas comerciais que trabalham na exportação ou por cooperativas são alternativas para os empresários que querem se lançar no mercado exterior, lembrou Tatiana. Ela acrescentou que a página do MDIC oferece informações ao potencial exportador que podem esclarecer suas dúvidas na hora de vender para fora.

A secretária destacou ainda a ênfase que vem sendo dada à questão da defesa comercial, trabalho que será intensificado em 2012. Segundo ela, vai ser feito concurso público este ano para admissão de 157 técnicos para trabalhar na área de identificação de práticas ilegais de comércio na importação, pela concorrência desleal com os produtos brasileiros. Entre as irregularidades encontradas no ano passado, Tatiana Prazeres citou fraudes como a falsa declaração de origem, o subfaturamento para pagar menos imposto de importação e a falsa declaração de quantidades.

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