Caminhões: a crise que afeta o setorn provocou debandada de montadoras do evento, o maior da América Latina (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2015 às 09h30.
São Paulo - Pela primeira vez em 40 anos a Fenatran, evento equivalente ao Salão do Automóvel para o segmento de veículos pesados, não vai contar com a maioria de suas principais estrelas, as fabricantes de caminhões.
A crise que afeta o setor, com queda de 39,3% nas vendas no primeiro quadrimestre e fábricas dispensando trabalhadores, provocou debandada de montadoras do evento, o maior da América Latina.
O Salão Internacional do Transporte, que ocorrerá entre 9 e 13 de novembro, tem confirmada as presenças de apenas duas das 11 montadoras de caminhões do País, a Volvo e a DAF, além das empresas de implementos, peças e serviços.
MAN, Mercedes-Benz, Scania, Iveco, International e Shacman concluíram que, num período de ajuste, com corte de pessoal, redução de salários e paradas constantes na produção não se justificam os enormes gastos necessários para um evento com duração de cinco dias. Agrale, Caoa e Ford afirmam que ainda avaliam se vão participar, mas a tendência é de que sigam a maioria.
Estima-se que, dependendo da área, um estande na Fenatran custe entre R$ 5 milhões a R$ 10 milhões, valor que inclui aluguel, montagem, pessoal e infraestrutura. "Num cenário como o atual, não faz sentido um investimento como este", diz um executivo do setor. "Fazer festa fica difícil."
O diretor de comunicação e relações institucionais da Mercedes-Benz, Luiz Carlos Moraes, afirma que "diante de um cenário econômico desfavorável para as vendas e a necessidade da empresa de se adequar a esta realidade, decidimos não participar desta edição". Ressalta, contudo, que a participação na edição de 2017 "já está planejada".
A Fenatran ocorre a cada dois anos no Anhembi, intercalando com o Salão do Automóvel. Está em sua 20ª edição e é organizada pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), com apoio da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O presidente da NTC, José Hélio Fernandes, diz acreditar numa reversão desse quadro. "Ainda estamos conversando com a Anfavea e acredito que teremos uma grande Fenatran", diz. "A feira não é só para os momentos de boas vendas, e é exatamente numa situação como a atual que as empresas devem mostrar seus projetos, suas inovações e sua capacidade de dialogar com o mercado."
Desde o início do ano a Anfavea vinha tentando convencer as associadas a participarem do evento. O receio da entidade é pela mensagem que o setor passará ao mercado com a ausência das principais atrações da Fenatran.
Apesar da ausência da maioria de suas filiadas, a Anfavea terá um estande no evento. "A Fenatran é uma importante feira de negócios e figura entre as três maiores do mundo no segmento de transporte", diz o presidente da entidade, Luiz Moan.
Visitantes
A Reed Exhibitions Alcantara Machado, promotora da Fenatran, informa que já foram comercializadas 75% da área disponível. Na última edição, em 2013, participaram 370 empresas, o que significa que o salão é bem pulverizado. Ninguém nega, contudo, que os expositores de caminhões e ônibus são o principal chamariz.
A expectativa é que a feira atraia 60 mil visitantes, muitos deles de outros países. "Entendo a atitude das empresas que não vão participar, mas quem estará presente saberá aproveitar a oportunidade e terá seus holofotes", afirma Juan Pablo De Vera, presidente da Reed.